O rádio FM dos Estados Unidos conta com repetidores de sinais em áreas onde a estação principal conta com sombras. A prática é autorizada pela FCC, órgão que fiscaliza e regulamenta a radiodifusão norte-americana. E essas repetidoras poderão ter uma programação diferente da original, voltada à sua área geográfica. Isso será possível através de um sistema criado pela GeoBroadcast Solutions (GBS), chamado de ZoneCasting. Parte importante do setor tem preocupação com as questões técnicas que o projeto pode ocasionar no espectro FM.
Basicamente, a FM titular poderá executar uma grade de intervalos comerciais diferentes nessa área geográfica alcançada pela repetidora. A FCC (Federal Communications Commission) votou de forma unânime para lançar um processo de regulamentação sobre se permite que o sistema ZoneCasting seja usado por todas as FMs norte-americanas.
Com a decisão da FCC, essas repetidoras poderão disparar conteúdos específicos para essas áreas, complementando a programação original das estações originais.
Para o ouvinte norte-americano, o processo será muito parecido com o que já ocorre no streaming: é muito comum que o intervalo comercial na internet considere antes a localização do ouvinte para poder disparar um intervalo comercial específico.
Maior presença local do rádio
Segundo reportagens veiculadas por veículos especializados na radiodifusão norte-americana, como Inside Radio e o Radio World, isso poderá potencializar a cobertura de acontecimentos nessas regiões, como uma eventual cobertura esportiva local, alcance a diversidade ou até a prestação de serviços em caso de necessidades.
De acordo com as regras atuais da FCC, um sinal de reforço em FM não pode originar a programação da estação, mas a nova proposta afirma que a petição do GBS apresenta questões técnicas e de interesse público que se beneficiariam de consideração adicional. Também conclui provisoriamente que a operação técnica não “degradaria indevidamente” o dial FM.
“O uso de estações de reforço FM para transmitir conteúdo direcionado geograficamente pode ajudar as emissoras de FM, incluindo pequenas e independentes estações de transmissão de mulheres, minorias e pequenas empresas, a fornecer informações importantes e mais relevantes localmente e a competir melhor pela receita de publicidade em um mercado de mídia cada vez mais dinâmico”, diz a proposta.
Mapa que exemplifica um teste feito com a ZoneCasting em 2017, em Union Grove, Wisconsin
Auxilio às rádios em dificuldades. Grupos e NAB estão reticentes com a decisão
A novidade também é vista como uma ajuda para emissoras em dificuldade. “Este é exatamente o tipo de formulação de políticas criativas de que precisamos para ajudar a fortalecer o poder de permanência das emissoras em dificuldades e começar a eliminar a disparidade terrível que vemos nos números de propriedade minoritária”, afirma o comissário Geoffrey Starks, que tem liderado a defesa pela proposta ao FCC.
Porém, os grupos de comunicação de rádios estão preocupados com a celeridade na aprovação da resposta, pedindo mais testes para que o sistema não gere interferências e desconfigure o espectro de FM. Beasley Media Group, a Cumulus Media, a Entercom Communications e a iHeartMedia pediram para que o FCC fizesse mais testes, achando a amostragem atual sobre a tecnologia ainda insuficiente.
Já a NAB (National Association of Broadcasters) apóia o avanço, mas também disse que tem “preocupações” sobre a potencial da ZoneCasting no lançamento do HD Radio, que é o padrão de rádio digital em FM e AM nos Estados Unidos.
Repetidores em FM
Os “boosters” de FM, ou seja, amplificadores dos sinais, costumam ficar em áreas cuja topografia local atrapalha a propagação do sinal da FM titular. No Vale do Silício, por exemplo, a maioria das FMs estão nos morros próximos a San Francisco (entre San Bruno e Sausalito). Porém, nas áreas urbanas que complementam essa importante região metropolitana da Califórnia, ficam em áreas de montanhas (Walnut Creek, Lafayette, Concord, entre outras). Lá estão várias repetidoras em FM.
Fonte: Tudorádio