Os dados ainda são preliminares, mas este noticiário apurou que houve até segunda, 24, nada menos do que 118 entidades e 107 manifestações interessadas em realizar a migração de seus canais de TV da banda C do satélite para a banda Ku; e 91 entidades e 41 manifestações de emissoras interessadas em iniciar diretamente as transmissões em banda Ku.
Dia 24 foi o prazo final dado pela Anatel em chamamento público para que as entidades interessadas se manifestassem no processo de migração, como uma das etapas necessárias para a implementação das políticas previstas no edital de 5G. Uma das diretrizes prevê justamente que as transmissões de TV aberta pela banda C do satélite serão migradas para a banda Ku como forma de evitar possíveis interferências na recepção dos sinais quando o 5G começar a operar na faixa de 3,5 GHz.
Atualmente, boa parte destas emissoras de TV estão no satélite StarOne C2, da Claro, com transmissões abertas em banda C, onde pode haver interferências. As empresas operadoras de satélite estão, agora, buscando as emissoras de TV com propostas para realocação dos canais em um novo satélite.
As empresas mais ativas nesta disputa são a própria StarOne, a Hispamar e a Eutelsat, por terem satélites em posições orbitais próximas à utilizada atualmente (65ºO) e preparados para receber em banda Ku. Mas a Sky também tem feito uma oferta agressiva para ser a hospedeira destes sinais de TV aberta em seu satélite, e outras operadoras correm por fora com posições orbitais menos óbvias. Uma definição sobre os satélites precisa ser tomada até março, e a próxima reunião do GAISPI (grupo que coordena esse processo) será dia 26 de fevereiro.
Depuração
O total de canais que efetivamente serão migrados ainda depende, inicialmente, de uma depuração das manifestações encaminhadas à Anatel, já que existem sobreposições de pedidos e entidades que se manifestaram mais de uma vez. Mas a ordem de grandeza será essa, o que é importante para que as ofertas comerciais possam ser desenhadas pelos operadores de satélite. Os acordos entre emissoras e empresas com capacidade satelital serão individuais, mas a escolha do satélite precisa ser conjunta para simplificar o apontamento de antenas.
Não necessariamente precisa ser escolhido apenas um satélite, já que existem soluções de antenas que permitem a recepção de posições orbitais diferentes, desde que não muito afastadas. Outra definição importante é o modelo de distribuição, se regionalizado, nacional, e qual será a tecnologia de transmissão e recepção, o que determinará a taxa de compressão dos sinais, a quantidade de transponders necessária para abrigar todos os canais na banda ku e a necessidade ou não de acesso condicionado para habilitar o funcionamento das caixas e liberação dos canais em cada região.
Vale lembrar que a política pública prevê a migração gratuita, com a distribuição de kits de recepção em banda Ku, de todos os domicílios que tenham residentes inscritos no Cadastro Único de programas sociais. Esse custo será bancado pelas operadoras vencedoras do leilão de 5G na faixa de 3,5 GHz nacional: Claro, TIM e Vivo. Já os custos de remanejamento do satélite para as emissoras não será subsidiado pela política pública.
Fonte: Tela Viva