Se é bom para ouvinte, é bom para emissora, é bom para o anunciante
Na nossa cultura popular, existem combinações perfeitas e, muitas vezes, uma não vive sem a outra. Do arroz com feijão, do queijo com goiabada, do Chitãozinho com Xororó e, até no futebol, o clássico Grenal. No mundo do consumo de mídia, também temos combinações perfeitas e uma delas é o rádio com o celular.
O rádio sempre foi mobile, acompanhava a geração dos anos 1950 ao pé do ouvido nos estádios de futebol, nos anos 1980 virou febre nos walkmans e, em 2000, com o senso estético de Steve Jobs e o design da Apple, o iPod veio para dar mais charme e solidificar o comportamento do consumo de áudio em movimento.
Em pesquisa recente do Kantar Ibope Media, 78% dos brasileiros ouvem rádio. Desses, 3 em cada 5 escutam rádio todos os dias e passam 4 horas e 41 minutos diariamente consumindo o meio. O aparelho ainda tem a maior participação, pois 81% consomem o meio através do modelo tradicional, que inclui o rádio do carro, 3% ouvem pelo computador, 4% em outros equipamentos, mas o futuro está no celular, com 23% de share.
Os celulares de ontem são os smartphones de hoje, computadores na palma da mão com recursos para fotografar, acessar e-mails, bancos, redes sociais, documentos e até fazer uma ligação, se necessário. Pesquisa da FGV aponta mais de um smartphone por habitante no Brasil. Ao todo, são 234 milhões aparelhos.
Essa revolução tecnológica possibilitou mais acesso e, consequentemente, mais consumo de dados, mas, o se o rádio é de graça, por que eu teria que gastar meu pacote de dados para ouvir minha emissora favorita? No Brasil, ainda temos 113,5 milhões de celulares pré-pagos.
Em maio deste ano, o Ministério das Comunicações assinou portaria sobre FM nos celulares, um desejo antigo do setor de radiodifusão. Cerca de 90% dos celulares do Brasil têm rádio, mas, em grande parte, o recurso não está ativado. Com a portaria, o sinal liberado no celular vai chegar a quem vive nas zonas mais remotas, sem necessidade de conexão ou consumo da franquia de dados.
Vale lembrar que somos um país com dimensões continentais e o acesso à banda larga no Brasil ainda está longe de se tornar realidade. Um dado da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios) aponta que cerca da metade da população brasileira temacesso à internet e que a desigualdade digital é grande. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostra que o Brasil está em 74a. posição no ranking mundial de conectividade.
A regulamentação ficará a cargo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e assegurará a recepção FM nos smartphones como já acontece em vários países. O que fará com que o rádio continue sendo o meio mais rápido e próximo da população brasileira.
Se é bom para ouvinte, é bom para emissora, é bom para o anunciante. Agora, o Seu Farias, lá de Santana do Livramento, na Campanha Gaúcha, vai poder ouvir o Grenal, no seu smartphone, sem gastar seu pacote de dados.
Artigo de Leonardo Lazzarotto, CEO da
Tailor Media, publicado no portal ProXXIma
Fonte: Abratel