O áudio está cada dia mais em alta, impulsionado pelas novas formas de conteúdo, consumo e de acesso. Esta realidade traz consigo muitas possibilidades para os profissionais da área. Para a emissora de rádio que quer prosperar neste mundo pautado pela conectividade e ampliar a sua voz, o streaming precisa fazer parte da estratégia de negócios.
Para falar sobre as possibilidades e as vantagens para o setor com o crescimento do streaming e outros formatos digitais, a publicação norte-americana Radio World, lançou uma nova edição de seu e-book com o título “Streaming for Radio in 2021”. O e-book traz entrevistas com diferentes especialistas do setor, entre eles Pierre Bouvard, executivo da Westwood One. O lançamento da publicação foi anunciado no portal tudoradio.com.
Na publicação, Bouvard destaca que as escutas de rádio via streaming em 2020 saltaram de 5% do total do consumo para uma média de 15% para o público entre 25 e 54 anos. Para ele, esse crescimento é fruto, também, das smart speakers (caixas de som inteligentes).
O executivo ainda ressalta na publicação, que o streaming é hoje o novo FM. Ele faz uma analogia com anos 70, quando o AM dominava, enquanto o FM era algo que nem estava no som dos carros. Contudo, apenas 10 anos mais tarde, metade de toda a audiência americana já havia migrado para as ondas do FM. Bouvard acrescenta que esse é apenas um dos indicativos de que as rádios precisam investir também no digital e ampliar suas possibilidades de alcance e negócios.
No Brasil não é diferente. Segundo o diretor do tudoradio.com, Daniel Starck, o consumo de streaming de rádio está em expansão há algum tempo, e a pandemia ajudou a impulsionar o crescimento do áudio digital como um todo. “Isso ocorre devido às mudanças de hábitos no dia a dia das pessoas, mais formas de ter acesso ao streaming, maior qualidade de áudio e conexão e pelo trabalho desempenhado pelas próprias emissoras”, destaca.
Segundo o executivo da Westwood One, com o avanço no digital, as rádios e os anunciantes já podem pensar em estratégias comerciais de 85% para o dial terrestre e 15% para o streaming. Em território brasileiro, o streaming de rádio também tem se mostrado um complemento importante para a operação feita no dial, já que ajuda a cobrir momentos e até equipamentos que, por algum motivo, não tenham a recepção FM/AM disponível.
Para Starck, o fundamental para o ouvinte é acompanhar a programação e a emissora que ele gosta, independente se for pelo dial ou digital. E isso tem sido algo cada vez mais natural na rotina do ouvinte.
“Esse acesso facilitado é algo que vemos em plataformas como o tudoradio.com, onde as faixas horárias de consumo do streaming são muito próximas do que é visto nas pesquisas relacionadas ao dial. Boa parte desse consumo on-line, ocorre na mesma área de cobertura do sinal em FM/AM da estação. Ou seja, mesmo on-line, o consumo de streaming de rádio é predominantemente local”, afirma.
Para a rádio é mais um canal que se abre. A emissora tem a possibilidade de ter acesso a um maior número de dados sobre a audiência, de forma mais imediata, e posteriormente, passar a trabalhar comercialmente os canais digitais.
Oportunidade de negócio
Para o diretor da Fábrica Host, Rodrigo Garcia, as emissoras consideradas “locais” observaram o aumento da audiência em toda a região de atuação e, também, identificaram muitos acessos de outras cidades, estados e até mesmo países, reforçando a tese que o rádio deve dar a mesma importância ao streaming do que é dado ao dial, pois atingem pessoas de diversas localidades, não ficando restrita apenas ao sinal do FM.
O streaming, quando monitorado por ferramentas específicas, aproxima o meio rádio de concorrentes como YouTube, Facebook e Instagram, pois proporciona a entrega de dados diariamente, mensalmente e em tempo real. O retorno é imediato, pois o ouvinte que está na internet, tem possibilidade de interação e resposta aos anúncios no streaming com muita facilidade. O ouvinte “está a 1 clique do seu anunciante”, basta saber usar e ter anúncios atrativos.
No entanto, Rodrigo acredita que ainda é preciso inovar muito internamente nas emissoras para conseguir atingir bons resultados e aproveitar essa oportunidade de engajar também no digital e gerar novos negócios. “É necessário que as emissoras busquem pessoal qualificado e antenado às novas métricas e tecnologias. Esse fator é tão importante quanto a contratação de um âncora ou locutor de qualidade”, destaca.
Ele acrescenta que a monetização do streaming já é realidade em outros países, e no Brasil as emissoras precisam estar atentas e começar a utilizar as ferramentas de métricas. “Sem essas ferramentas não é possível saber como e o quanto entrega, além de monetizar”.
Smart Speakers
Segundo o diretor da Fábrica Host, outro fator que merece atenção é o aumento de acessos ao streaming via Smart Speaker, principalmente a ALEXA. “As emissoras devem correr e publicar suas “skills” (aplicativo dentro da plataforma Alexa da Amazon), para que os ouvintes possam ouvir a rádio diretamente do aplicativo. Em breve, a monetização e interação por meio das smart speakers serão muito vantajosas para os anunciantes e muito atrativas para os usuários, principalmente os mais jovens”, afirma.
Fonte: AERP