Se existe um fato sobre o streaming de rádio, é que ele está avançando, movimento que ocorre em várias frentes, em diferentes cenários que são analisados pelo mercado. No mais aparente dele, é o crescimento no consumo, onde a depender do país observado, ele já oscila entre 10 a 25% do total da audiência de determinadas estações, com variação para mais a depender do formato/gênero da rádio analisada. Também avança em qualidade técnica, acessibilidade ao usuário/ouvinte e também no número de dispositivos aptos a receber esse tipo de mídia. E, nos últimos anos, as rádios brasileiras parecem estar atentas a essa realidade.
Hoje, para a maioria das estações, o streaming de áudio é uma repetição necessária do dial. Não há uma discussão no mercado se uma rádio deveria ou não ter seu áudio online ativo, virando uma regra básica: se está no ar no dial, está no ar na internet. Mas para a maioria, o serviço ainda é uma aposta nebulosa de como será o futuro do consumo de rádio, sabendo que o mundo caminha para soluções de rádio híbrido (que junta os dois mundos: online e offline) e mais aplicações conectadas.
Eduardo Cappia, engenheiro que atua pelo EMC, SET e AESP, afirma que o streaming só vem a fortalecer a radiodifusão. “Com o aprimoramento da produção e das plataformas, além dos cuidados com o áudio e com a dominância do vídeo, dedicou-se muito mais atenção à produção audiovisual. E isso, por sua vez, chama a atenção para os conteúdos de rádio, ou seja, para a comunicação sonora, que também é uma janela de entrada para o rádio híbrido”, diz Cappia.
“Conforme já abordei nos meus artigos para o tudoradio.com, o streaming complementa e amplia a experiência proporcionada pelo dial. Além disso, permite a adição de novos recursos, como textos e imagens. Tudo isso acaba por impulsionar o consumo de áudio via internet, especialmente entre os mais jovens”, afirma Fernando Morgado, consultor de rádio.
A qualidade técnica avança, assim como o uso de todos os recursos disponíveis ao streaming. É possível constatar em plataformas agregadoras de rádio, como o tudo.radio e o App tudoradio.com, que a experiência do usuário foi aprimorada pelas próprias estações, que passaram a cuidar da qualidade do áudio disponibilizado via streaming e até a geração de conteúdos adicionais por esses canais enquanto o dial cumpre obrigações específicas, como horários políticos e Voz do Brasil, mantendo o ouvinte engajado com o perfil da rádio durante toda a geração de áudio ao vivo.
“Além de todas as vantagens que proporciona em termos tecnológicos, o streaming não é afetado pelas amarras legais do rádio convencional. Como se sabe, a radiodifusão é altamente regulada. Já pela web, não é necessário, por exemplo, transmitir a Voz do Brasil ou cumprir o limite de tempo para publicidade. O streaming, portanto, permite que a emissora aumente a produção de conteúdo e a entrega para os anunciantes”, destaca Morgado.
Cappia destaca também que o rádio híbrido será o divisor de águas para o setor, principalmente ao pensar a audiência presente no trânsito. “Não se deve esquecer que já estamos gerenciando algo em torno de 30 a 40% da audiência do rádio dentro do carro. A opção é sempre pelo rádio ao vivo, no ar. Isso é uma questão de tempo, uma audiência cíclica, que depende de vários momentos durante o dia: momentos em que você se desloca, no momento que está no seu trabalho, no momento que está no aplicativo, enfim”, afirma o engenheiro.
“Quem direciona é o conteúdo; ele que determina o que o ouvinte destaca, aquilo que ele quer ouvir, é o telespectador, vamos dizer assim. Ele que busca, ele busca. E quando se fala em audiência embarcada, se fala em audição atenta. Então, mais do que nunca, o conteúdo de rádio, o áudio, é fundamental”, afirma Eduardo Cappia
Ecossistema de streaming de rádio em evolução
Recentemente, o tudoradio.com realizou matérias especiais sobre o lançamento de seu novo agregador de rádios, o App tudoradio.com, o qual aproxima do digital a fácil experiência de se ouvir rádio no dial. E o sistema inclui o “RDS do streaming”, ou seja, os metadados de nome de rádio, música executada, programa, slogan, etc. De lá pra cá, quase que diariamente, tem aumentado de forma significativa as emissoras que estão utilizando metadados em seus áudios digitais, pensando na grande oferta de aplicações e dispositivos que embarcam esse tipo de tecnologia.
ambém aumenta a cada dia a oferta de aparelhos conectados. Muito se fala no crescimento de smart speakers na composição da audiência de rádio, fator que é determinante em mercados como o do Reino Unido, mas são os smartphones os grandes responsáveis por esse impulsionamento no Brasil, Estados Unidos, França, entre outras localidades. Tanto que existem alertas que é necessário achar maneiras de acelerar o consumo de rádio via streaming através dos celulares, um campo muito promissor para o setor. Afinal, todo smartphone pode ser considerado um rádio em potencial e eles estão guardados nos bolsos e bolsas das pessoas.
“Enquanto que segundo o Denatran temos em média 0,6 carros por habitante, a FGV indica que há 1,2 smartphones por habitante, ao longo dos últimos 3 anos temos visto tanto nos relatórios da Nextdial quanto da Kantar com o Extended Radio, que o consumo local de rádio via streaming mais que dobrou, chegando a representar 15% da audiência local das emissoras. O que indica a relevância do dispositivo no consumo do rádio, seja no FM ou no streaming, mas não só isso, o peso que a qualidade e estabilidade da transmissão via streaming tem tanto na manutenção quanto na ampliação da audiência local e nacional das emissoras de rádio”, diz Thiago Fernandes, CEO da Nextdial.
E o mercado que atende o rádio brasileiro na área de streaming tem evoluído e parte das emissoras está atenta às questões técnicas fundamentais. “Acho que os principais diferenciais que na minha opinião são obrigatórios em toda empresa de streaming é servidores no Brasil (Data center nacional) e o HTTPS (cadeado de segurança) nos players de áudio. Com isso você terá menor delay e funcionalidade em qualquer dispositivo. Em resumo, é um modo assertivo de evitar com que a emissora perca audiência”, afirma Erasmo Magalhães, diretor comercial da BrasilStream.
Erasmo destaca que este é um ponto básico, mas existem outros fatores que contribuem para a fidelização e crescimento de ouvintes no digital, entre eles o CDN no streaming, que são vários servidores funcionando ao mesmo tempo, que consegue entregar o melhor e mais rápido sinal até o ouvinte. “Outro diferencial que vem se destacando é um painel completo para analisar e mensurar a audiência, picos, locais, todos estes dados auxiliam muito no processo de gestão da rádio para a tomada de decisão”, avalia Magalhães.
De fato, o streaming de rádio já serve de parâmetro para o trabalho executado no dial. Thiago comenta também que, a partir de dados dos últimos 24 meses de mais de 300 emissoras de rádio de capitais, regiões metropolitanas e interior, foi possível identificar no ecossistema aferido pela Nextdial que, em média, 48% de todos os ouvintes que sintonizam as emissoras no streaming o fazem de dentro da cobertura do sinal terrestre. “Isso nos permitiu observar clientes que fizeram ajustes na programação monitorando as curvas de audiência local do streaming tiveram muito sucesso e, posteriormente, refletiu nos relatórios da Kantar, com destaque para a Rádio Capital de São Paulo e a Maringá FM do Paraná”, conta Fernandes.
Fonte: Tudo Rádio.