O processo de migração das emissoras AM para o FM continua a todo vapor em Santa Catarina. Em setembro, mais duas emissoras concluíram o processo e já estão operando em Frequência Modulada: Difusora, de São Joaquim, agora sintonizada no 106.7 FM, e a Demais Católica, de Balneário Camboriú, na frequência 90.9 FM. Agora são 21 emissoras que já migraram do AM para o FM no estado. Outras 18 estão com o processo de migração em andamento.
Nesta sexta reportagem da série A Força do Rádio do Portal Making Of, em parceria com a ACAERT (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão) é apresentado um balanço sobre a migração do ponto de vista técnico e econômico. “A migração tem como motivação a sobrevivência e expansão do meio e a qualidade é o seu principal benefício”, afirma Marcello Corrêa Petrelli, presidente do Grupo RIC e da ACAERT. “É um ganho enorme para o meio e o radiodifusor precisará investir mais para enfrentar este novo cenário”.
Petrelli diz que há um entusiasmo e uma confiança muito grande dos radiodifusores por causa da relação deles com o meio. Ele não acredita em dificuldades para a migração até pela forma como o governo encaminhou o processo. “O assunto foi tratado com muita sensibilidade, especialmente a questão dos custos para viabilizar a migração”, diz. “A ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) também fez um trabalho excepcional para encontrar um valor para a compra do FM e isso permitiu que radiodifusores pudessem ter condições de investir no processo”.
O engenheiro Luiz Rosa Reis, consultor da ACAERT, avalia que o processo de migração do AM para o FM está transcorrendo de maneira tranquila em Santa Catarina. Segundo Reis, em alguns casos, as emissoras também dependem de aprovação de seus projetos que são submetidos aos órgãos responsáveis como Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). “Está ocorrendo uma certa demora na aprovação desses projetos”, afirma o engenheiro. Estas dificuldades se repetem em outros estados e não apenas em Santa Catarina. “Por causa dessas questões de ordem financeira e técnica, não há um prazo previsto ou estimado para a conclusão de todas as migrações”, diz Reis.
Neste sentido, a linha de crédito Badesc Fomento, anunciada pelo BADESC e pela ACAERT no dia 28 de setembro, deve contribuir para que, no que diz respeito a recursos financeiros, as emissoras possam agilizar seu processo de migração. Até porque o dinheiro a ser liberado pelo BADESC, destinado para projetos de R$ 250 mil até R$ 5 milhões, atende todas as etapas do processo, incluindo questões burocráticas e técnicas, como taxas, equipamentos e treinamento de pessoal, como informa a ACAERT.
Expectativa para a banda estendida
A migração do AM para o FM para algumas emissoras pode levar um pouco mais de tempo. É o caso das rádios que terão que esperar pelo desligamento da TV analógica para fazer a migração. No total, 56 emissoras, de 34 cidades, não obtiveram canais na atual faixa do FM, de (88 MHz a 108 MHz). Em Florianópolis, por exemplo, a lista inclui as rádios CBN-Diário, Guarujá, Mais Alegria, Cultura e Deus É Amor (antiga rádio Santa Catarina). “Algumas do Oeste Catarinense ainda poderão obter canais na atual faixa de FM”, explica Luiz Reis.
De acordo com o engenheiro, a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) está realizando estudos a respeito, para estender a banda com a criação de canais entre 76MHZ e 88 MHZ, mas não há uma data definida para sua conclusão. “Havia um entrave relacionado a insegurança dos fabricantes de receptores de rádio, que só iniciariam a fabricação quando ficasse comprovado através de uma legislação de que a faixa de FM seria realmente estendida”, diz Reis. “Com a assinatura de uma portaria interministerial entre o MCTIC e o Ministério da indústria e Comércio, quero crer que essa insegurança caiu por terra”, destaca o engenheiro.
A portaria a qual Reis se refere foi assinada no último dia 21 de setembro, durante congresso da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), em São Paulo, e publicada no dia 25 (foto abaixo). A portaria tem o objetivo de dar mais um impulso ao processo de migração do AM para o FM. Para isso, altera o Processo Produtivo Básico (PPB) para aparelhos de áudio e vídeo industrializados na Zona Franca de Manaus. Com isso, a partir de janeiro de 2019, pretende-se aumentar a produção e a oferta de aparelhos de rádio que tenham recepção FM com faixa estendida – incluindo os rádios dos carros.
Fonte: Portal Making Of.