Um clima político mais ameno e um arrefecimento dos efeitos pandêmicos nos Estados Unidos parecem influenciar num possível retorno à normalidade nos níveis de escutas de rádio entre os formatos musicais. Segundo portais especializados na indústria de rádio norte-americana, formatos como o Pop CHR apresentaram uma recuperação consistente na participação da audiência em vários mercados. O jornalismo, que atingiu patamares históricos em 2020, segue na liderança e também colecionou resultados importantes. E esse “retorno ao normal” coloca de novo em destaque a resiliência do rádio.
A análise feita dos dados da Nielsen pelo portal Inside Radio chama a atenção para a recuperação consistente de rádios do formato Pop CHR em mercados como Washington, Boston, Miami, Seattle e San Diego. Para se ter uma ideia desses avanços, a WXKS-FM (Kiss 108 FM 107.9, da iHeartMedia) saltou de um sétimo lugar geral para a terceira colocação, segundo a Nielsen.
O ano de 2020 foi problemático para as rádios musicais, em especial as emissoras de formatos Pop CHR, que sentiram quedas nas participações logo no início da pandemia do novo coronavírus. Com uma maior circulação entre o segundo e terceiro trimestre do ano passado, algumas estações experimentaram recuperações, mas nada como os níveis anteriores a 2020. A virada de ano, com a corrida eleitoral nos EUA e o agravamento da pandemia, impediu uma normalização de seus níveis de audiência, algo que começa a mudar a partir da medição de fevereiro deste ano.
O cenário mais positivo não fica apenas com o Pop CHR, como mostram os analistas norte-americanos. Foram observados avanços de estações em diferentes formatos, como AC (adulto-contemporâneo), Classic Rock, Country, Adulto R & B, Alternativas, HOT AC, entre outros perfis musicais. Como curiosidade, vale a citação sobre o retorno da Lite FM 106.7 (AC) à liderança em Nova York e a recuperação do share da Z100 FM 100.3 (Pop CHR) nos mercados de Nova York, Long Island e Middlesex-Somerset-Union (New Jersey).
O jornalismo (através do All-News ou News/Talk) continua com a maior fatia do bolo de audiência nos Estados Unidos, formato que apresentou alta histórica em 2020 e já vinha liderando entre os formatos nos últimos anos. A análise do Inside Radio chama a atenção para a presença do jornalismo em três das quatro primeiras posições em Washington (DC) e em três dos cinco primeiros em Seattle. O jornalismo costuma também liderar em San Francisco (líder e vice-líder) e também ocupa os dois primeiros lugares em Chicago.
Análise: Resiliência do rádio
Esses movimentos vistos no mercado norte-americano indicam uma resiliência do rádio. Com mudanças bruscas de hábitos devido à pandemia e novas tecnologias, o rádio parece se adaptar ao cenário (tanto que reteve boa parte do total de audiência em 2020, apesar da ‘realocação’ da audiência entre os formatos) e, no primeiro cenário de maior normalidade social, há um movimento de retorno aos costumes e hábitos de escutas.
Como a crise pandêmica caminha de forma diferente entre regiões e países, fica difícil determinar quando esse cenário que começa a ser observado nos Estados Unidos irá acontecer no Brasil. O nosso país ainda persiste na crise sanitária e viverá um período eleitoral possivelmente polarizado em 2022, fato observado em 2020 em território norte-americano. De qualquer forma é importante destacar a manutenção da relevância e da audiência do rádio mesmo durante esses períodos sociais mais intensos.
Novamente sobre os EUA, é bom destacar que o crescimento dos formatos musicais não resulta necessariamente na queda do jornalismo, mas sim no retorno dos níveis habituais de alcance do meio nos Estados Unidos, mais dependente dos deslocamentos diários da população. Porém, a alta histórica do jornalismo pode arrefecer, o que seria natural: portais de notícias como os dos jornais New York Times e Washington Post, além da rede CNN, experimentaram quedas de acessos em fevereiro, mas isso foi mais significativo pelo fato desses veículos passarem por números históricos em 2020.
Fonte: Tudorádio