Pesquisa do IBGE avalia hábitos de consumo de tecnologia, quantificando uso de TV, smartphones e banda larga
O prazo para o desligamento do sinal analógico de TV em todo o Brasil está marcado apenas para 2023, mas a movimentação para o encerramento em algumas das principais cidades de São Paulo e Rio de Janeiro já se intensificará a partir de março. Com a notícia de que quase 20% dos domicílios brasileiros ainda não dispõem de acesso ao sinal digital, órgãos públicos agora contam com indicadores mais atualizados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) 2015: Acesso à Internet e à Televisão e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal. Com dados em mãos, o governo consegue identificar as regiões que precisam de mais investimentos para a atualização da nova tecnologia.Na semana passada, inclusive, operadoras de telecom pediram ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que adiasse o desligamento do sinal digital em São Paulo em decorrência do atraso na entrega dos aparelhos conversores no estado. O ministério acredita que, caso haja adiamento, será de semanas ou no máximo de um mês, postergando o processo para abril deste ano.
O estudo realizado em parceria entre o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o ministério, foi divulgado no fim de dezembro.
Segundo o levantamento, 19,7% dos lares com aparelho de televisão (13 milhões) ainda não dispõem de alternativa para acesso ao sinal digital, inviabilizando o consumo da programação televisiva quando o sinal analógico for encerrado. Apenas televisores mais modernos já com sinal digital, aparelhos com antena parabólica, assinantes de TV paga ou com conversor terão acesso à programação.
De acordo com o levantamento, a região Norte é a mais prejudicada, com 25,4% de residências sem nenhuma dessas soluções, seguida pelo Nordeste (22%), Centro-Oeste (19,8%), Sul (18,9%) e Sudeste (17,8%).
A Pnad levantou outros aspectos ligados ao uso de novas tecnologias no país, como posse de dispositivos móveis e acesso a banda larga móvel e fixa. A pesquisa revelou, por exemplo, que, dos 39,3 milhões de domicílios que utilizaram internet, a conexão com banda larga (fixa e móvel) já estava presente em 99,6% em 2015. No grupo de pessoas acima de 15 anos ou mais, a proporção atingiu 92,3%.
Segundo Lucas Chaves, gerente de planejamento e atendimento da Bridge Research, consultoria especializada no mercado de tecnologia, o crescente consumo de internet entre as gerações mais jovens, sobretudo via mobile, é uma tendência. Isso porque o grupo tem como característica a imersão tecnológica de forma autodidata.
“Como a principal ferramenta é o smartphone, as residências conseguem o uso simultâneo dentro de casa, pelo baixo custo do celular em relação ao computador e também pela fácil utilização do wi-fi. Há poucos anos, a internet era dividida dentro de casa, por conta do cabeamento e da exclusividade do computador”.
Esta foi a constatação da Pnad, que registrou o crescimento de acessos via mobile em detrimento de internet fixa no país.
O número de acessos por meio de computador caiu de 76,6% para 70,1%. Já as conexões por telefones celulares cresceram de 80,4% para 92,1% em 2015.
Segundo Helena Oliveira, analista do IBGE, desde 2013 tem ocorrido essa substituição mais acentuada no acesso móvel. À época, apenas o Norte tinha percentual de celular superior ao de computador. No ano seguinte, Norte, Nordeste e Centro-Oeste tiveram o mesmo comportamento e, em 2015, Sudeste e Sul também passaram a utilizar mais o celular que banda fixa.
“Esse movimento se deu por duas razões: o custo da internet móvel é menor que a banda larga fixa. Há também o fator infraestrutura. No Norte, há uma estrutura mais deficitária de cabeamento facilitando o uso de smartphones. Já no Sudeste e Sul há mais acesso a computadores e capacidade de infraestrutura da internet da banda larga fixa”.
Para Lucas Chaves, outro fator que tem contribuído para esse cenário são as facilidades oferecidas pelas operadoras de Telecom. “Elas estão cada vez mais focadas em serviços de internet com planos pós-pagos de baixo custo e também com isenção de gastos de franquia de dados para uso de aplicativos multiplataforma como o WhatsApp e o Facebook. O acesso ao 4G também proporciona no mobile atividades equivalentes à internet fixa”.
A Pnad TIC foi realizada em setembro de 2015 e ouviu 308.599 pessoas de dez anos ou mais. Foram registradas consumo de tecnologias referentes aos 90 dias anteriores à pesquisa.
Fonte: PropMark.