Replicar o conteúdo que vai para o dial não é suficiente para atrair novos ouvintes quando o assunto é podcast. Afinal, o meio digital é fluido e os conteúdos são adaptados de acordo com o apropriamento da audiência. Por isso, é fundamental entender a dinâmica de cada ambiente, falar a linguagem do público específico de podcast e, a partir disso, conseguir estabelecer um diálogo verdadeiro e produtivo com seu ouvinte.
De acordo com a Head de Marketing do GC2 (Grupo Camargo), que conta com a Alpha FM e a 89 Rádio Rock, Juliana Simomura, o grupo encara o digital como uma forma de expansão de conteúdo daquilo que as emissoras se propõem a comunicar. As pautas do dia a dia vão essencialmente para o dial e apenas alguns programas, boletins e colunas, são distribuídos também no digital. Quando o assunto é podcast, eles procuram desenvolver conteúdos exclusivos.
“Desenvolvemos produtos inéditos, ou até mesmo um aprofundamento daquilo que não conseguimos passar no ar. Por exemplo, não conseguimos tocar um artista duas vezes na sequência, mas é possível fazer um especial para o digital neste formato”, explica.
Para ela, produzir novos conteúdos para podcast é essencial, especialmente, para falar sobre uma diversidade de temas. “O dial impulsiona, e por meio do podcast conseguimos mostrar mais conteúdos. Por isso, hoje somos mais reconhecidos como produtores de conteúdo e não somente uma emissora”.
No entanto, para construir um conteúdo de qualidade no digital é necessário se adaptar a lógica desse ambiente, testar novos produtos, se dedicar e contar com uma equipe capacitada. “A gente se adaptou e contratou profissionais com perfil multimídia, e dentro da versatilidade do rádio já tínhamos a base de conteúdo. A partir disso, tivemos que aprender a trabalhar neste ambiente”, destaca Juliana.
Acompanhar as métricas e resultados também é fundamental para saber o alcance do trabalho neste ambiente, e se for preciso, mudar o rumo da produção. “Com elas foi possível constatar que temos uma abrangência maior de público nos podcasts, e também, conseguimos testar novos conteúdos no ambiente digital, antes mesmo de ir para o dial”, afirma a head.
Entendendo o perfil do público
De acordo com gerente de produtos digitais da CBN São Paulo, Thiago Barbosa, a CBN começou a entregar parte da programação em podcast em 2006, onde foram aproveitados os melhores quadros. Com o passar do tempo, eles perceberam que poderiam aproveitar mais esse formato. Entendendo os ouvintes foi possível criar novos conteúdos no digital.
“Acho que o primeiro passo é começar a entender qual é o público, o que eles gostariam de saber mais, o que a base de ouvintes e seguidores gosta. A vantagem do podcast é que quando o ouvinte dá o play, ele já tem interesse naquele assunto. Diferente do rádio que precisa estar o tempo inteiro conquistando o ouvinte, no podcast é preciso ser mais íntimo e entregar da melhor forma possível uma conversa sobre aquilo que o ouvinte se interessa”, explica.
Quando o assunto é o conteúdo do dial para o formato do podcast, Barbosa destaca que ele irá depender muito da programação da rádio. “A gente faz grandes apostas em programas que teriam menos de uma hora e os nomes mais famosos da programação. Acho que faz sentido fazer esses recortes e colocar em podcast, mas acho que faz mais sentido ainda e promove um maior poder comercial e de comunicação, desenvolver produtos que sejam exclusivamente para o digital”, diz.
Segundo o gerente de produtos digitais, o público do podcast é fiel, comenta, manda mensagens e sugestões. “Quando isso acontece, a gente cria um jeito diferente de conversar com o ele, o que gera um diálogo muito engajado e com muito menos polêmicas, porque o ouvinte escolhe ouvir determinado programa”, relata.
Outra boa dica, para quem quer produzir um conteúdo atrativo em podcast é ter áudios muito bons, com personagens reais falando. “Uma orientação que sempre passo para os repórteres é utilizar o áudio dos próprios entrevistados. Essa é uma estratégia para deixar qualquer podcast muito melhor contado, na voz dos protagonistas, no caminho da informação do que aconteceu, no relato ao vivo quente. Nenhum off bem escrito vai superar o real momento da própria pessoa contando”, afirma o gerente.
Fonte: AERP