Por Renato Rogenski.
No dia 13 de fevereiro de 1946, a United Nations Radio emitiu pela primeira vez um programa simultâneo para um grupo de seis países. Décadas depois a data foi escolhida pela Unesco para representar o Dia Mundial do Rádio.
No Brasil, desde o seu surgimento em 1923, quando Roquete Pinto fundou a primeira emissora do país, o rádio seguiu de perto os acontecimentos mais importantes da nossa sociedade. O veículo já foi um grande motivo para reuniões familiares, levou torcedores à loucura com a narração de gols importantes e despertou a imaginação de muitas gerações.
Para falar do momento atual do meio, que ganhou fôlego e novas perspectivas a partir da integração com as novas mídias, o Adnews conversou com Patrick Santos, gerente de jornalismo da Jovem Pan, uma das emissoras mais tradicionais do dial brasileiro. Patrick está na Pan há 20 anos. Além de produzir matérias especiais e ter vencido prêmios importantes, como o CNI, ele também apresenta o programa Os Pingos Nos Is, junto com Reinaldo Azevedo e Vitor La Regina.
Confira o bate-papo:
Fale um pouco sobre a evolução do rádio e sua integração com as novas mídias (web, streaming, etc) nos últimos anos…
O rádio não para de evoluir, tanto na busca por novas plataformas bem como por um melhor conteúdo (aqui em especial me refiro ao radiojornalismo). Agora é inegável que a internet ajuda a impulsionar o rádio. Hoje a Jovem Pan oferece todo o conteúdo que é veículado na rádio também no site e nos aplicativos. Além da transmissão em tempo real dos programas, é possível ouvir os podcasts a qualquer hora, em qualquer plataforma, como no Deezer, por exemplo. A Jovem Pan explora as possibilidades da web também com a transmissão dos programas em vídeo, numa experiência para o ouvinte/internauta que vai além da tradicional câmera no estúdio. Outro detalhe é que a internet fortaleceu uma das marcas do rádio, que é a proximidade com o ouvinte. As redes sociais e as ferramentas de comunicação instantânea possibilitam uma interação muito mais forte entre os ouvintes e os apresentadores, e com toda a programação da rádio.
Quais são as principais oportunidades e desafios do momento do rádio especificamente no Brasil?
Os desafios estão exatamente na busca por uma melhor integração com as novas mídias, como me referi acima. É um caminho sem volta. Claro que o “dial” vai ser sempre importante, mas os números mostram que cada vez mais a nossa programação é acessada pelos aplicativos e agora com o streaming, ainda mais. Uma outra coisa importante e que aqui na Jovem Pan somos referência, é a opinião. Hoje a notícia está em todo lugar. O que as pessoas querem é a opinião, claro, uma opinião embasada. O que o Reinaldo Azevedo, Joseval Peixoto, Denise Campos de Toledo (para citar alguns de nossos profissionais) pensam sobre determinado assunto? No Brasil isso ainda é pouco explorado, tem um longo caminho pela frente.
Atuando de qual maneira o rádio pode continuar relevante no cenário atual da comunicação no Brasil, já que a internet é tão rápida quanto o rádio e tem a vantagem de ser on demand?
Isso que me referi há pouco é um dos motivos que faz com que o rádio continue sendo relevante: a opinião. Tem também a produção de bom conteúdo. O bom conteúdo vai ter espaço sempre. Tenho como preocupação produzir boas matérias e programas que atendam as demandas do momento.
Quais são as fontes de receita que o rádio tem explorado pouco e pode melhorar?
Aqui eu acho que ainda existe muito espaço para os chamados projetos customizados, que atendem as necessidades dos anunciantes. Hoje é fundamental buscar estratégias em conjunto com o cliente. Enfim, propor ideias criativas, de baixo custo e alto impacto.
O que você acha de estratégias como naming rights e produtos patrocinados que algumas rádios têm lançado mão nos últimos tempos?
Eu particularmente não sou muito a favor da estratégia de naming rights, mas respeito quem busca o modelo. Acho que marcas vêm e vão, de acordo com seu momento, estratégias e investimentos. A rádio que quiser identificação dos ouvintes na sua frequência, têm que buscar uma grade que fidelize o público independentemente do patrocinador.
Quer acrescentar mais alguma reflexão sobre o meio rádio no Brasil?
Não, apenas dizer que o rádio está mais forte agora com a internet e tem um longo caminho pela frente.