Quando se estuda a possibilidade de investimento em algum negócio, tempo de existência é um dos primeiros dados que se observa. Por trás desse número, há o conhecimento acumulado pela empresa ao longo dos anos e a sua capacidade de gerar resultados em distintos contextos históricos.
Já escrevi diversas vezes sobre a resiliência do rádio, que completou 102 anos de Brasil no dia 6 de abril de 2021. Essa resiliência é fruto, dentre outros fatores, da força das estações e, sobretudo, das suas marcas.
Mais que o símbolo gráfico e o nome de uma determinada emissora, marca é o conjunto de promessas e percepções atrelado a esses elementos. Trata-se, então, da síntese de tudo o que a rádio é e faz: dos programas às promoções, passando pelos perfis nas redes sociais e projetos especiais. Por isso, gestão de marca precisa ser encarada como prioridade pelos radiodifusores, independentemente do formato de programação que adotem ou do tamanho do mercado onde atuem.
Em tempos de infodemia, as marcas das emissoras ajudam o público a escolherem o que escutarão e em quem confiarão. Por exemplo: se um incêndio de grandes proporções ocorre na cidade, logo surgirá na mente do ouvinte a marca de alguma rádio que valorize notícias locais. O mesmo ocorre com o segmento musical: existem marcas que são referência para quem busca forró, pagode, rock, sertanejo etc.
Referência. Assumir essa posição é algo que leva tempo. No momento em que a marca da rádio alcança esse patamar, ela ganha uma espécie de couraça que a torna mais protegida das intempéries que o setor de mídia possa sofrer. Não é por acaso que as rádios líderes de audiência costumam ter marcas longevas, como é possível observar nas listas abaixo. Elas consideram as cinco emissoras em FM mais ouvidas nas três regiões metropolitanas brasileiras com maiores populações. Cumpre acentuar que as marcas foram ordenadas por idade. No caso de empate, adotou-se a ordem alfabética.
Grande Belo Horizonte:
Itatiaia – 69 anos
Alvorada – 43 anos
BHFM – 43 anos
Liberdade – 39 anos
Jovem Pan Belo Horizonte – 26 anos
Grande Rio De Janeiro:
Tupi – 85 anos
JBFM – 48 anos
Melodia – 34 anos
93 FM – 29 anos
FM O Dia – 23 anos
Grande São Paulo:
Band FM – 46 anos
Jovem Pan FM – 45 anos
Transcontinental – 39 anos
Alpha FM – 33 anos
Nativa – 24 anos
Nesse conjunto, a média geral de idade é de 42 anos e as rádios mais jovens existem há cerca de um quarto de século. Fica comprovado, portanto, que marcas fortes têm maiores chances de resistir ao tempo. Outra lição importante a ser tirada desses dados: quando bem trabalhadas, marcas de veículos ganham força para se estenderem a novos mercados. Foi que fizeram, por exemplo, o Jornal do Brasil com a Rádio Jornal do Brasil FM Stereo (hoje JBFM), a Bandeirantes AM com a Bandeirantes FM (atual Band FM) e a Jovem Pan AM (outrora Panamericana) com a Jovem Pan FM.
Em resumo: marcas fortes ajudam o público a decidir o que ouvirão, protegem a emissora das mudanças que o mercado venha a passar e permitem a geração de mais negócios, que nascem com maiores possibilidades de sucesso graças à reputação acumulada ao longo dos anos. Sendo assim, toda emissora, sem exceção, deve zelar pela sua marca. Ela é a síntese do esforço e do talento de todos em prol de um rádio que se seja cada dia melhor.
Fonte: Tudorádio