A Rede de Notícias ACAERT – RNA relata experiências das emissoras que mantiveram ou alteraram a programação no processo de migração do AM para o FM. Na segunda parte do especial, destacamos as emissoras que decidiram mudar a grade dos programas e até mesmo de marca.
É o caso da Rádio Difusora AM, de Içara, que virou Massa FM. Vários fatores influenciaram na decisão, entre eles, problemas geográficos para instalação da nova antena e projeção de faturamento condizente com o volume de investimento necessário. Desde o início, a direção da emissora sempre teve muitas dúvidas do sucesso da migração do perfil do AM para o FM. A solução foi pesquisar entre as redes nacionais de rádio, qual oferecia a oportunidade de manter os comunicadores e notícias locais.
“A Rede Massa vem ao encontro do que a gente pensava, porque ela liberava a programação local. A programação vem com os nomes, vinhetas e com a linha a ser seguida. Mas todos os comunicadores são nossos. Então, das seis da manhã às seis da tarde, toda programação sai do nosso estúdio. E a play list. Como nós somos uma rádio sertaneja, a gente segue a play list que vem deles. A ideia da Rede Massa caiu muito bem para nós, porque a gente pôde manter um jornalismo local”, explica a diretora da emissora, Carolina Guidi. Ela destaca ainda que a grande maioria dos clientes manteve-se fiel à nova proposta da rádio.
Ouvinte – Se a virada de chave deu certo para uns, para outros, grandes alterações podem confundir o ouvinte. A Rádio Centro Oeste AM, de Pinhalzinho, também apostou numa grande mudança na programação quando migrou para o FM em 2017, no primeiro lote de emissoras migrantes. A rádio buscava nova oportunidade de posicionamento no mercado. A direção reconhece que as alterações foram bruscas demais. No entanto, a rádio encontrou o equilíbrio de uma programação eclética, que mistura música, notícias e prestação de serviço.
O jornalista Fabiano Ronco, da RCO, afirma que a participação do ouvinte foi decisiva. “No início, nós priorizamos mais a música, porque acreditávamos que esse era um dos pontos principais que a emissora deveria fortalecer. Mas o nosso ouvinte tradicional, que era acostumado com a notícia, percebeu essa mudança drástica e sentiu a falta da informação. Então, baseado nas pesquisas e no acompanhamento do ouvinte, conseguimos encontrar o equilíbrio entre a programação musical e a jornalística”.
Uma das conclusões do trabalho da jornalista Rosely Rossi, de Especialização em Comunicação pela UniCeub, de Brasília, mostra que mudanças profundas podem quebrar o vínculo da emissora com o seu público. Rosely atua na Rádio Cultura, de Campos Novos, que migrou em outubro de 2017. Segundo a jornalista, o processo levou em conta a opinião dos ouvintes e do mercado, necessidade identificada em sua pesquisa. O play list acabou sendo renovado, a interação com o ouvinte foi reforçada e a comunicação ganhou dinamismo. O resultado apareceu no crescimento de audiência, de acordo com a emissora.
“A intervenção na grade da programação da rádio foi definida a partir das demandas do público ouvinte. Ouvimos os vários públicos da emissora: ouvinte, mercado e o pessoal interno. Nós fizemos uma campanha de marketing durante a migração com o objetivo de explicar que a Rádio Cultura não estava sendo extinguida”, analisa a jornalista.
Fonte: ACAERT