O evento promoveu debates sobre modelo de negócios e o futuro do rádio
A comemoração dos 20 anos da RádioFam foi coroada com a palestra As organizações, a gestão, os conteúdos e o modelo de negócios do Rádio no Século XXI. Além dos reencontros, a noite também foi marcada pela interação entre público e debatedores.
Paulo Gilvane – um dos idealizadores da rádio web –, Luciano Potter – comunicador das rádios Gaúcha e Atlântida– e Fernando Morgado – professor e consultor da Federação Nacional de Empresas de Rádio e Televisão (Fenaert) – debateram, ao longo do evento, sobre o futuro do rádio e também a adaptação do meio com o avanço da internet. O professor Luciano Klöckner foi o mediador no evento.
No começo da noite, foi inaugurada a exposição Fragmentos da Memória, com imagens de rádios ao longo da história, e também houve uma sessão de autógrafos, no saguão da Famecos, com autores de livros que possuem, como tema principal, o rádio.
Enquanto os convidados se acomodavam no auditório, o Núcleo de Comunicação e Memória Institucional da Faculdade de Comunicação exibiu um breve vídeo com depoimentos de quem passou pela RádioFam durante esses 20 anos. A comemoração foi resultado de uma parceria entre o Núcleo de Comunicação e Memória Institucional da Famecos, o SindiRádio, o Núcleo de Estudos de Rádio (NER) da UFRGS, o Grupo de Rádio da Intercom e a Rede Alcar, entre outros apoiadores. Klockner realizou os agradecimentos, em que mencionou todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização do evento. Depois, deu início ao debate.
Morgado comentou que quando vem ao Rio Grande do Sul é sempre para falar de rádio. “O rádio é uma paixão dos gaúchos e talvez seja por isso que tenho tantos amigos aqui”, diz. Mas, sobre o rádio do futuro, o consultor afirma que antes é necessário comentar o cenário radiofônico no passado, pois de certa forma somos consequência do que já passou. “Quando pensamos em modelos de negócio, é importante lembrar que o rádio nasceu com um objetivo nobre, educativo e científico, com difusão de conhecimentos. Estamos voltando às origens como se o rádio sempre tivesse tido a vocação de ser convergente, ou seja, ter proximidade entre as plataformas pela sua boa e saudável simplicidade”, ressalta.
Assista ao vídeo:
O profissional que atua e atuará nas rádios sabe que o trabalho é feito de minuto a minuto. “O rádio é um exercício diário e nós estamos construindo ele com todos, com quem o faz e quem o estuda”, afirma. Mas quem irá trabalhar nesse rádio convergente que dialoga com todas as mídias? Morgado explica que desde o avanço da internet, nenhum meio é mais monomídia, ou seja, é rádio em conjunto com a internet. “O profissional será o que não se limitar apenas ao rádio naquela visão clássica e vigente, isto é, o profissional que a rádio espera e precisa é o que seja apaixonado pelo meio, mas que tenha a mente aberta para as novas plataformas e para as possibilidades que elas abrem”, salienta Morgado.
Potter afirma que o novo profissional deve vir com um número maior de experiências e a internet ajuda muito nesse parte. “Nas redes sociais, fazemos áudio, foto, texto, vídeo e a rádio acaba sendo um prolongamento”, explica. Mas, ser um apaixonado pelo meio é um diferencial, e o integrante das rádios Atlântida e Gaúcha é um desses fascinados pela profissão. “Nada é mais apaixonante do que um microfone de rádio, nada é mais estimulante do que uma grande entrevista em um microfone de rádio. Quem pode viver isso se apaixona na hora e por isso conhecemos profissionais que basicamente falam suas vidas diante de um microfone”, garante.
O programa Timeline, da rádio Gaúcha, onde Potter divide o microfone com David Coimbra e Kelly Matos, é um programa que entrou de uma forma diferente na programação, e em um horário antes dedicado a um programa apresentado por Lauro Quadros e que durou 29 anos no ar, o que tornou difícil a adaptação do público. “Rádio é rotina e acostuma as pessoas. E, por isso, qualquer mudança brusca receberá xingamentos”, brinca. Quando o assunto é entretenimento e jornalismo, o apresentador afirma que um bom exemplo é que as audiências em talk shows americanos crescem cada vez mais misturando os dois temas. “Esse querer faz com que haja mudança. Jornalismo e entretenimento no rádio cada vez se misturam mais. Mas claro que, quando entrevistamos alguém, existe uma pauta a ser seguida e isso continua sendo essencial, o que muda é a linguagem”, enfatiza.
Paulo Gilvane é o último, mas não o menos importante a falar. O assunto ainda é o futuro do rádio e, dessa forma, Gilvane afirma que não estamos vivendo apenas uma crise econômica, mas também uma crise na comunicação. “O futuro da rádio é a rádio não musical, pois a música agrega menos, e a tendência é de que agregue menos ainda. E isso de alguma forma é bom, isto é, as rádios do futuro deverão ser menos musicais e com mais conteúdo”, prevê.
Por fim, o debate promoveu um momento de interação com perguntas do público que estava acompanhando o evento ao vivo pela internet e também na plateia. No auditório, ainda havia grandes nomes do rádio, como Cláudio Brito. Com duração em torno de uma hora e 30 minutos, o debate sobre o futuro do rádio e os modelos de gestão cumpriu as expectativas da organização e de quem compareceu ao evento.
Fonte: Portal Eu sou Famecos.