Quando perguntado sobre a primeira etapa de desligamento do sinal de TV analógico em Santa Catarina, que compreendeu municípios da Grande Florianópolis, Marcello Corrêa Petrelli, presidente da ACAERT e do Grupo RIC, destaca o trabalho realizado na região pela Seja Digital, entidade sem fins lucrativos criada por determinação da Anatel, é que está encabeçando o processo em todo o Brasil.
Segundo ele, a equipe do Seja Digital foi responsável pela divulgação e pelo engajamento social em torno do fim do sinal analógico. “A equipe conduziu muito bem não só a divulgação, mas também com envolvimento com a comunidade, instituições, prefeituras, com os mais carentes com mais de 30 mil kits com conversores e antenas distribuídos”, afirma.
Na entrevista a seguir, Cheila Zortéa, diretora de Operação Local da Seja Digital, comenta os desafios do trabalho, a repercussão junto aos telespectadores e o que demais relevante ocorreu na primeira etapa e que pode ser essencial para os próximos desligamentos. Confira.
Portal Making Of – O que mais destaque como relevante nesse primeiro desligamento?
Cheila Zortéa – Na minha avaliação, o ponto alto deste processo é justamente o engajamento das pessoas. É impossível imaginar o alcance de resultados expressivos em projetos cujo centro do trabalho é a mobilização social sem parcerias significativas. E elas se apresentaram de diversas maneiras. Além de empresas, instituições sociais e organizações de todo os perfis, as pessoas foram fundamentais e abraçaram o projeto como uma causa. Independente da relação, contratadas ou voluntárias, uma legião de gente esteve conosco e, foram incansáveis na busca pelas melhores soluções, na articulação comunitária, na abertura de portas, no desafio de levar a informação e ajuda para todos os cantos da nossa região.
Portal Making Of – E qual a expectativa para os próximos? Deve ocorrer dentro do prazo?
Cheila Zortéa – Nossa expectativa para as próximas regiões é muito positiva, já conhecemos os caminhos, entendemos o processo e identificamos as melhores estratégias para alcançar os resultados. Estamos nos preparando e organizando nossa atuação nas regiões de Joinville, Blumenau e Jaraguá do Sul que são os agrupamentos aqui em Santa Catarina que terão o sinal analógico desligado ainda em 2018.
Sobre o prazo, em 5 de dezembro deste ano, Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Gaspar, Indaial, Luiz Alves, Pomerode, Guaramirim, Massaranduba, Schroeder, Araquari, Balneário Barra do Sul e São Francisco do Sul terão o sinal analógico de TV aberta desligado.
Portal Making Of – Qual o principal desafio enfrentado no processo de desligamento do sinal nalógico na Grande Florianópolis?
Cheila Zortéa – Digitalizar mais de 360 mil domicílios por si só já é uma grande missão e, quando iniciamos este processo em Florianópolis e região nós sabíamos que tínhamos um desafio enorme, tendo em vista as características locais, os aspectos culturais, econômicos e principalmente os sociais. E foi justamente este último o nosso maior obstáculo. Entrar nas comunidades menos favorecidas e atender, ajudar e informar as pessoas de menor renda foi realmente um trabalho bem difícil.
Portal Making Of – E como foi vencido?
Cheila Zortéa – Foi com o apoio das lideranças comunitárias que nós conseguimos desenvolver este processo que chamamos de mobilização social porque vai além da migração de uma tecnologia para outra. As lideranças comunitárias contribuíram significativamente para o sucesso das nossas ações dentro das comunidades. O resultado se deu especialmente pelas articulações comunitárias feitas diretamente por esses líderes que eram pessoas influentes em suas regiões. Voluntariamente, eles se disponibilizaram a mobilizar os moradores, levar informação sobre o processo de digitalização e, encontraram meios e recursos para apoiar a nossa atuação.
Portal Making Of – Na sua opinião, o público “comprou” a ideia e entendeu a necessidade da mudança?
Cheila Zortéa – Certamente! Percebemos isso durante o processo, quando recebemos relatos de pessoas que estavam muito satisfeitas com a nova tecnologia e, também, após o desligamento, porque nós nos preparamos para atender um número significativo de reclamações, tanto no nosso atendimento, quanto no das emissoras e, para a nossa surpresa, as poucas reclamações foram relacionadas a recepção do sinal digital e não ao desligamento do analógico.
Portal Making Of – De que forma a participação do público da Grande Florianópolis influencia nos próximos desligamentos?
Cheila Zortéa – Eu acredito que as pessoas das outras regiões acabarão se antecipando ao processo. Ou seja, terão um comportamento diferente, buscando mais a oportunidade de vivenciar imediatamente uma experiência melhor ao assistir televisão do que aguardar o final do prazo para fazer a migração.
FONTE: Portal Making Of.