Presença do Rádio é maior em veículos nos Estados Unidos. Executivos falam da necessidade do rádio ser mais online | Carro ultrapassa os lares como local de maior escuta do rádio AM/FM nos Estados Unidos, local onde 70% dos americanos dizem ouvir áudio todos os dias
Um dos principais eventos de rádio do mundo, o Radio Show, é realizado entre os dias 25 e 28 de setembro em Orlando (Flórida, nos Estados Unidos). A programação reúne os principais executivos e nomes do rádio norte-americano e discute as tendências para o veículo. Mesmo com apenas dois dias de programação, temas importantes já foram debatidos, como a presença do rádio em carros, a necessidade do meio ficar cada vez mais on-line e o uso (ou não) da palavra rádio pelos principais players do segmento. Acompanhe:
“O carro é agora o melhor local de audição de áudio”
A constatação é baseada na seguinte informação: “70% dos americanos com 13 anos ou mais ouvem áudio em um carro todos os dias”, de acordo com a nova pesquisa “Share of Ear”, apresentada no Radio Show pelo diretor Larry Rosin, da Edison Research. Ou seja, o carro (70%) agora supera a casa (67%) como um local de escuta. “Trabalho” é de 17%. Quanto ao total de ouvir rádio, satélite, streaming, áudio na TV, etc. – “em média, as pessoas com mais de 13 anos passam quatro horas por dia ouvindo música, notícias, personalidades e esportes”, informa o levantamento da Edison.
Pensando nisso, assim como já apresentado e destacado no NAB Show 2018 (realizado em abril passado, em Las Vegas), a NAB procura explorar o rádio híbrido nos automóveis, ou seja, um formato de recepção que alterna entre AM/FM e streaming, plataforma que também possibilita o uso de mais “metadados” para oferecer mais serviços aos ouvintes / consumidores (mais informações do que apenas o nome da música ou artista, além do nome da rádio, como ocorre no RDS).
O PILOT, grupo de desenvolvimento e estudos de alta tecnologia da NAB, testa uma idéia de sinal duplo com o Xperi (atual proprietário da tecnologia HD Radio). É a tecnologia “DTS Connected Radio” do Xperi, que usa transmissões FM analógicas e conteúdo transmitido por IP para enriquecer o produto de áudio definitivo para motoristas e passageiros. E esse teste é internacional, pois há um acordo com a BBC no Reino Unido para a realização desses trabalhos fora dos Estados Unidos.
Oferta de receptores FM/AM
A programação do RAIN Summits, que ocorre em associação ao Radio Show nesta quinta (25) em Orlando, destaca onde o rádio é recebido e onde não é, levando em consideração a informação da Edison sobre o carro ser o melhor local para escuta de áudio. A programação já conta com notas e citações da apresentação da vice-presidente da Edison, Megan Lazovick, baseadas na preocupação da presença de receptores FM/AM nas casas dos norte-americanos. A executiva terá o painel “Radio’s hardware problem”. Acompanhe:
Segundo as notas, 30% dos participantes do estudo da Edison dizem que não possuí receptor de rádio em casa. Esse percentual é próximo de 50% para menores de 35 anos. Um exemplo dado é a presença de equipamentos de áudio em lojas como a Best Buy, local onde é possível ver você uma ampla seleção de alto-falantes Bluetooth, mas difícil encontrar um receptor de rádio AM/FM. Então, a questão é: “Como o rádio compete se os consumidores não têm rádios?”
Uma das saídas apontadas, as smart-speakers, passam a ser uma importante ferramenta de recomposição e fortalecimento da presença do rádio em ambientes domésticos, segundo o que será apresentado nesta quinta-feira (27). “É hora de as emissoras de AM / FM se unirem ao mundo digital”, segundo Lazovick.
Conteúdo local e a palavra “Rádio”
Atualmente é muito fácil encontrar conteúdos nacionais e internacionais através dos ambientes digitais. Já o conteúdo local sempre foi uma atribuição das emissoras de rádio. E, segundo os destaques em discussão no RAIN Summit nesta quinta-feira, essa pode ser uma importante saída para o rádio, inclusive atuando em ambientes digitais.
Kurt Hanson, organizador do RAIN Summit, provoca questionando que o rádio pode aprender a pensar em si mesmo no negócio de áudio, não apenas no “negócio de rádio”. Porém também está na roda a discussão sobre a ampliação do conceito da palavra “rádio” e de seu uso. Ou seja, há uma indicação de que a palavra não deve ser abandonada pelos players, mas sim ter a abrangência de seu significado ampliada. “O rádio pode se reimaginar como produtor de mais e mais conteúdo?”
Fonte: Tudo Rádio