O governador do Ceará, Camilo Santana, e o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, além de radiodifusores e empresários de rádio e televisão de todo o país, participaram da solenidade de abertura do congresso Fala Norte/Nordeste 2017, na segunda-feira (4), em Fortaleza (CE). Durante o evento, promovido pela Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (ACERT), onze rádios assinaram o termo aditivo de adaptação de outorga do AM para FM.
Kassab ressaltou a importância do mutirão realizado pelo MCTIC, que leva aos estados a oportunidade de as rádios fazerem a migração do AM para o FM. Para o ministro, o governo deixará como legado a modernização do setor de radiodifusão.
Em discurso, Camilo Santana falou sobre os investimentos e negociações para fomentar o desenvolvimento do Estado e agradeceu a parceria das rádios pela transmissão de entrevista semanal à população cearense.
Já a presidente da ACERT, Carmen Lúcia Dummar Azulai, ressaltou a importância do congresso como um fórum de debates dos principais temas relacionados à radiodifusão. “Precisamos pensar a radiodifusão de ponta a ponta, incluindo a entrega ao público do nosso produto. Objetivamente, precisamos definir a questão da recepção do FM no celular. Daqui a pouco teremos outras tecnologias, como as caixas inteligentes, para também inserir as emissoras. Não podemos perder mais tempo, temos que chegar juntos com as novas tecnologias. Ainda mais quando a migração precisa que a faixa estendida também tenha sua fatia de audiência”, disse ela.
Ainda durante a abertura, foi lançado o Guia ACERT de rádio e TV, com as principais informações sobre os dois meios de comunicação.
Notícias falsas em debate
O painel Fake News – A Era da Pós-verdade abriu a tarde de palestras do primeiro dia do Fala Norte/Nordeste, na terça-feira (5). Para o presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo, um dos participantes, a população vive um problema mundial de disseminação de notícias falsas.
“Só tem um remédio para a notícia falsa: jornalismo na veia. O que diferencia a informação de qualidade da fofoca na rede é a certificação do jornalismo profissional”, defendeu Tonet.
Outro ponto destacado pelo presidente da ABERT é a forma seletiva como a informação é transmitida nas redes sociais, o que tira a capacidade de as pessoas conviverem com a crítica e a diversidade de ideias.
“As pessoas nas redes não querem informação, elas querem enxergar a sua própria verdade. A rede social muitas vezes é uma arquibancada: ‘vou dar likes para quem pensa como eu’. E é aí que eu recebo apenas informações do meu interesse. Nesse momento, a gente se esquece de algo fundamental da democracia, que é a diversidade de ideias”, disse o presidente.
Ao ser questionado sobre quem é o culpado por essa realidade, Tonet afirmou:
“A culpa disso tudo é de todos nós. De quem usa as redes visando seu próprio interesse e dos veículos de comunicação, que foram atropelados por essa avalanche tecnológica e não souberam reagir. Uma coisa sabemos: a nossa credibilidade e responsabilidade têm valor. E o nosso desafio empresarial é saber como monetizar esse valor. Se nós não aprendermos a monetizar, vamos deixar o campo aberto para quem usa a informação com propósitos que não sejam o de simplesmente informar”, concluiu.
A presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, Angela Pimenta, apresentou o Projeto Credibilidade. Este ano, 14 veículos e instituições participam do projeto que, entre as iniciativas de combate às notícias falsas, incentiva a utilização do símbolo “C” – de credibilidade – em conteúdos publicados na internet para mostrar ao leitor que aquele conteúdo é confiável e atende aos critérios de confiabilidade.
“Os jornalistas podem trabalhar para combater as notícias falsas seguindo os oito atributos da credibilidade: checagem das informações, assinar quem é o autor, utilizar citações e referências, etiquetar o conteúdo, publicar reportagens originais, divulgar locais, buscar diversidade de vozes e abrir espaço para feedback, destacou Pimenta.
Manoel Fernandes, sócio proprietário da Bites, empresa que analisa dados de natureza digital, apresentou números que comprovam a urgência de discutir sobre as notícias falsas: apenas nos últimos 12 meses, foram publicados no mundo todo 32 milhões de tweets, 526 mil notícias e 2,4 mil vídeos no Youtube utilizando “fake news” como tema principal.
“Nós temos condições de combater as fake news se nós nos apropriarmos da tecnologia”, afirmou Fernandes.
MCTIC e Anatel – novidades da radiodifusão
O segundo painel do dia 5 falou sobre as ações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Anatel que facilitaram a vida dos radiodifusores. Entre as novidades, está o andamento da migração do rádio no Brasil, o sistema Mosaico e a desburocratização do setor.
“As alterações no decreto 52.795/1963 trouxeram grandes melhorias para os radiodifusores, mas a maior delas foi na renovação e transferência de outorga. Esse ponto trouxe mais segurança jurídica para o radiodifusor e agilidade na tramitação dos processos”, ressaltou o diretor de Assuntos Legais da ABERT, Cristiano Lobato Flores.
O diretor de Rádio da ABERT, André Cintra, também participou do painel e explicou as dificuldades do radiodifusor ao utilizar o sistema Mosaico.
“O Ministério e a Anatel precisam entender que nós radiodifusores temos dificuldades, assim como nós radiodifusores precisamos compreender e ter paciência com os esforços do MCTIC e da Anatel. Abraçar o sistema Mosaico é um grande ganho para as emissoras”, afirmou Cintra.
Também participaram do painel a diretora de radiodifusão do MCTIC, Inez Joffily França, e Wilson Diniz Wellinsch, assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel.
Fonte: ABERT.