Os desafios das marcas e anunciantes no ambiente digital, ameaçado pelo avanço das fake news, e as oportunidades para os veículos assegurarem a certificação das informações e a consistência das audiências foram tema do painel Brand Safety em Foco, realizado na tarde de quarta-feira, em Florianópolis.
Promovido pelos jornais Diário Catarinense, Jornal de Santa Catarina, A Notícia e Hora de Santa Catarina na sede da Fiesc, o encontro contou com a presença de 250 pessoas — entre profissionais do mercado publicitário, jornalistas, estudantes e empresários — e discutiu os rumos do mercado de comunicação diante desse cenário. O diretor de Negócios da RBS em SC, Delton Batista, foi o primeiro a falar e saudar os presentes:
— Estamos vivendo em um mundo de muita turbulência e excesso de informações e todos nós já fomos assediados por um amigo ou colega com uma última novidade. Lendo apenas o título, acabamos repassando inverdades. É o momento de falarmos em um freio de arrumação: o mundo dos fatos é mais importante que das versões alternativas — afirmou.
O executivo ressaltou ainda que os jornais da RBS SC estão em fase final de validação de uma certificação do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), o selo Quality Certifier, que torna premium publishers os seus veículos impressos e online, com audiência verificada pela instituição.
O jornalismo como negócio da confiança
Marcelo Rech, que preside a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e também o Fórum Mundial de Editores (WEF), foi o primeiro palestrante da tarde. Ele apresentou um resgate histórico do modelo de comunicação de massa, que deixou de ser uma prerrogativa de jornalistas profissionais e empresas do setor para o mundo das redes sociais, em que todos são emissários e receptores de informação. Para Rech, a grande transformação recente do poder de disseminação das redes sociais se deu na Primavera Árabe:
— Há seis ou sete anos, se destampou uma série de vozes que nunca tinham tido acesso a se expressar livremente. Isso levou a uma derrocada de regimes ditatoriais e um ambiente de democracia se instalou. Porém, isso acendeu um alerta e governos como o do Irã perceberam a possibilidade de identificar quem estava disseminando essas informações e usar a ferramenta a seu favor — disse.
O presidente da ANJ elencou exemplos em que boatos alavancados pelas mídias sociais resultaram em problemas concretos. A eleição norte-americana que deu vitória ao Republicano Donald Trump e o Brexit estiveram entre os casos.
Rech afirma que o grave problema foi levado pelo WEF à ONU. Porém, vê com temor o avanço de defesas de uma dura regulamentação do setor de notícias como alternativa para o problema:
— Sou um grande defensor da autorregulamentação e não de regulamentação. O grande risco que se coloca é quem define o que é notícia falsa ou não. Podemos criar um grande irmão, big brother, que vai definir o que vamos ler ou não.
Soluções para garantir confiança
Pedro Martins da Silva, presidente do instituto verificador de circulação (IVC) falou na sequência. Ele apresentou soluções que a entidade vem desenvolvendo para atestar a confiança de sites de notícia e também de campanhas no ambiente on-line. Para Silva, a certificação ajuda editores a identificar e reduzir fraudes e garante confiança do veículo no mercado. Em relação a métricas na internet, o presidente falou em três passos para obter a Quality Certifier.
— Os veículos têm as métricas do Google Analytics. Entramos para atestar que ela está perfeita, que há qualidade do tráfego e que são pessoas, e não robôs que geram audiência.
Para isso, um algoritmo é treinado para identificar esses comportamentos por probabilidade. Batista garante que são ferramentas que aumentam a eficiência de agências e anunciantes.
Em seguida, houve um debate. Além de Rech e Batista participaram Pedro Cherem, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (Sinapro/SC), e George Fortunato, gerente executivo de jornais do grupo RBS em SC.
Fonte: Diário Catarinense.