Texto segue para sanção presidencial modificado: diretoria da EBC passa a ter cinco novos membros indicados pelo governo
O plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (14), a Medida Provisória 744/2016, que reforma a estrutura administrativa da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). As principais modificações são a transformação do antigo Conselho Curador em Comitê Editorial, voltado para a definição da programação, e a aprovação pelo Senado do diretor-presidente da instituição.A matéria segue para sanção.
A extinção do Conselho Curador era um dos itens mais controversos da MP, editada pelo presidente Michel Temer em 2 de setembro. Para integrantes do governo, o órgão estava partidarizado, o que atrapalhava sua atuação de forma isenta; para os alinhados ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o Conselho Curador é peça-chave na gestão de uma TV pública que garanta a representação dos interesses da sociedade na programação. A substituição do conselho pelo comitê editorial foi uma tentativa de encontrar consenso, disse Lasier.
Enquanto o órgão extinto contava com 22 representantes da sociedade civil e do governo, o comitê editorial terá 11 membros, sem direito a pró-labore, e terá a função de deliberar sobre os planos editoriais propostos pela diretoria executiva para os veículos da EBC, assim como sobre alterações na linha editorial da programação.
Caberá ainda ao novo órgão propor a ampliação do espaço dedicado a pautas sobre o papel e a importância da mídia pública no contexto brasileiro; convocar audiências e consultas sobre os conteúdos produzidos; e formular mecanismo de aferição permanente da audiência da EBC.
Lasier Martins ressaltou que a medida procura diminuir custos e dar mais eficiência a uma empresa que, segundo ele, “é importante para o governo e para o Brasil, mas precisa de novos métodos de controle, de acompanhamento e de fiscalização quanto aos gastos”.
Composição
O comitê editorial será integrado por membros indicados por entidades representativas da sociedade, mediante lista tríplice, e designados pelo Presidente da República.
Haverá um representante de cada um dos seguintes setores: emissoras públicas de rádio e televisão; cursos superiores de Comunicação Social; setor audiovisual independente; veículos legislativos de comunicação; comunidade cultural; comunidade científica e tecnológica; entidades de defesa dos direitos de crianças e adolescentes; entidades de defesa dos direitos humanos e das minorias; entidades da sociedade civil de defesa do direito à comunicação; cursos superiores de Educação; e empregados da EBC.
Os membros do comitê terão mandato de dois anos, vedada à recondução, e suas determinações deverão ser observadas obrigatoriamente pelos órgãos de administração da empresa. Em caso de descumprimento, o comitê poderá acionar a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado, que intercederá junto à direção da EBC.
Antes da MP, o Conselho Curador tinha quatro ministros de Estado; um representante indicado pelo Senado e outro pela Câmara dos Deputados; um representante dos funcionários, escolhido na forma do estatuto; e 15 representantes da sociedade civil, também indicados na forma do estatuto.
Conselho de Administração
No Conselho de Administração da empresa, o relatório de Lasier Martins inclui novos membros: um indicado pelo ministro do Planejamento; um representante indicado pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; um membro representante dos empregados da EBC; e dois membros independentes, indicados na forma da lei de dirigentes das estatais (13.303/16).
Diretoria executiva
Em relação à diretoria executiva, cuja nomeação pelo presidente da República incidia apenas sobre o diretor-presidente e sobre o diretor-geral, o texto aprovado prevê nomeação também dos quatro diretores pelo chefe do Executivo.
O relatório manteve a prerrogativa prevista na MP de o presidente da República demitir o diretor-presidente da empresa a qualquer momento. Antes da medida provisória, o diretor-presidente tinha mandato fixo de quatro anos e só poderia ser destituído pelo conselho curador. Pelo relatório, o diretor-presidente terá que passar por sabatina do Senado.
Antes da nomeação do diretor-presidente pelo Presidente da República, seu nome deve ser referendado pelo Senado Federal.
Fim da comunicação pública
Parlamentares da oposição se posicionaram contra a proposta ressaltando que ela é um golpe à comunicação pública e independente do Brasil. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que nenhum país desenvolvido abre mão da comunicação pública, já que, somente ela pode dar à população a possibilidade de se informar dentro daquilo que não está considerado como um interesse comercial ou dentro da grade das emissoras que concorrem nos espaços privados.
A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B- AM) lamentou a votação de uma matéria que, segundo ela, é nociva à nação e à democracia. Vanessa ponderou ainda que a matéria não pode ser considerada como urgente, e essencial e, portanto, jamais poderia ter sido alvo de uma medida provisória.
A senadora GleisI Hoffmmann (PT-PR) disse que a desconstrução da EBC como empresa de comunicação pública faz parte de uma ofensiva para controlar tudo o que a sociedade lê, ouve e assiste. Segundo ela, o que está em causa é uma conquista democrática do país e não uma herança do Governo Lula.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ressaltou que a EBC onera o bolso do cidadão brasileiro, já que tem um custo de mais de R$ 600 milhões por ano. O senador ressaltou que a empresa tem mais a finalidade de ser cabide de empregos do que de prestar serviços e melhorar a qualidade de vida da população. Para ele, esse dinheiro poderia estar sendo utilizado em áreas mais importantes como saúde e educação. (Com Agência Senado)
Fonte: Tele Síntese.