O ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) remeteu ao Gired (grupo gestor da TV digital) o pedido da EAD para que fosse realizada uma mudança no cronograma de desligamento da TV analógica, adiando do dia 29 de março para 30 de agosto o desligamento na cidade de São Paulo e de 26 de julho de 2017 para 26 de julho de 2018 o desligamento em Recife, Salvador, Fortaleza, Juazeiro/BA e Sobral/CE. Na prática, a decisão do ministro de ouvir o Gired significa que o ministério, a quem cabe mudar o cronograma, apenas agirá se o Gired indicar que existe um fator técnico que justifique. O Gired se reunirá no dia 31 de janeiro para discutir o tema, mas a tendência é que o cronograma não seja mexido.
O principal elemento a ser analisado, segundo fontes da Anatel, é a pesquisa de domicílios aptos na cidade de São Paulo. A expectativa da agência é que se o percentual já estiver elevado (acima de 80%) e as projeções indicarem que até o final de março será possível chegar a 90%, mesmo que a totalidade dos kits só esteja disponível para distribuição nos últimos 30 dias, não haverá nenhuma razão para adiar. A expectativa da agência é que a situação em São Paulo em termos de domicílios aptos seja melhor do que no resto do Brasil, primeiro por ser a cidade que tem sinais digitais disponíveis há mais tempo (quase 10 anos), penetração de TV paga elevada e maior poder aquisitivo.
A decisão de Kassab de remeter a questão do adiamento ao Gired decorre da discordância dos radiodifusores. A Abert manifestou formalmente ao ministro uma posição de não endossar o adiamento em São Paulo para o final de agosto e recife para o ano que vem. A entidade, contudo, deixa uma porta aberta para discutir uma data alternativa. Mas a maior oposição é da Abratel (Record), que já se manifestou ser totalmente contrária a qualquer adiamento. A emissora alega já estar pronta para desligar o sinal analógico, alega custos de manutenção de dois transmissores e, também, conta que com a digitalização teria melhores condições de discutir as bases comerciais para a autorização de distribuição de seus sinais pelas empresas de TV por assinatura que operam na cidade. (Atualização realizada às 23h10: Este noticiário apurou ainda que um dos fatores que fizeram a Abert não mais apoiar o adiamento do cronograma de São Paulo – que até então estava relativamente pacificado junto à Globo, sua maior associada – foi terem tido a informação de que as teles estariam, com isso, buscando argumentos para adiar o aporte de recursos na EAD).
As teles alegam, para pedir o adiamento, que o atraso na definição das configurações da caixa que é distribuída nos kits comprometeu a logística e os prazos de entrega, e o tempo de distribuição seria muito curto, com riscos de que nem todos os beneficiários do Bolsa Família e inscritos no Cadastro Único recebam os kits a tempo.
Fonte: Tela Viva.