Carlos Melo falou sobre Conjuntura Política Brasileira no 2º Seminário de Negociações Coletivas da FENAERT
O Brasil ainda tem um longo caminho para voltar a crescer de forma sustentável. Essa é a avaliação de Carlos Melo, um dos principais cientistas políticos do país. Para ele, o provável cenário para o restante de 2016 e para o ano de 2017 é um governo pouco efetivo, que vai procrastinar reformar necessárias, realizando algumas parciais, de forma rasa e lenta; com investimentos cautelosos e crescimento restrito.
“O momento agudo já passou, mas a crise é crônica. Só controlar a inflação não basta, é preciso dar um salto”, disse Carlos Melo para uma plateia de representantes de sindicatos patronais de empresas de rádio e televisão de todo o país, entre elles, estava o Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de Santa Catarina – SERT/SC, Carlos Alberto Ross, que participaram da segunda edição do Seminário de Negociações Coletivas da Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão – FENAERT, em São Paulo.
Essa projeção não significa, no entanto, que não poderá mudar para melhor, já que, geralmente, são as crises que fazem nascerem grandes mudanças. “Procuro sempre dar um quadro realista daquilo que enxergo, sem partidarização. Isso não significa que não possa mudar. Neste caso, vai ser bom estar errado”.
Carlos Melo acredita que o pior do bom momento que vivemos nos últimos anos foi ter escondido problemas sérios, fazendo as lideranças se acomodarem. “Precisávamos dar um salto e o governo não conseguiu. Perdemos uma oportunidade única”.
O modelo econômico se esgotou, veio a crise econômica, política, as denúncias da Lava Jato, manifestações das ruas e diversos outros enfrentamentos que acabaram gerando o ambiente para a situação atual. Soma-se a isso, a grave crise da falta de lideranças políticas.
O desafio agora é superar pautas que não são populares, mas inevitáveis. Será preciso coragem, comunicação e liderança para fazer as reformas trabalhista, tributarista, fiscal e política. Para ele, a sociedade precisa ter consciência de que será preciso perder agora para ganhar lá na frente. “Mas quem fará a grande reforma?”, questionou Melo sobre essa ausência de liderança com legitimidade de promover a mudança que o país precisa.
É neste sentido que a eleição de 2018 é uma incógnita. Ele acha difícil que Lula se candidate pelo passivo político. No PSDB, não há uma definição clara e Michel Temer é pouco plausível diante do quadro. “Estamos no labirinto sem visualizar a saída”.
Fonte: FENAERT.