A imprensa especializada em mídia dos EUA está repercutindo um levantamento feito pela Edison Research que mostra os destaques mais expressivos sobre o comportamento no consumo de áudio e de rádio ao longo de 2023, como um balanço de seus estudos, o que inclui dados do Share of Ear e The Infinite Dial, este último que completa 25 anos. Há uma forte tendência de consumo de áudio nas residências e o rádio segue se adaptando às novas modalidades de consumo, inclusive com comportamento móvel de sua audiência. Os dados destacados também revelam oportunidades para as emissoras de rádio, se conseguirem trabalhar de forma efetiva os espaços existentes para ampliar seu consumo.
Escuta de rádio móvel ganha força: A pesquisa Share of Ear da Edison Research para o segundo trimestre de 2023 destacou a força duradoura do rádio AM/FM em meio à evolução do rádio e do cenário de áudio, influenciada pelo aumento dos smartphones e dispositivos digitais. 63% dos americanos com 13 anos ou mais ainda se engajam com conteúdo de rádio AM/FM diariamente. A pesquisa revelou ainda que 84% dos ouvintes diários utilizam rádios tradicionais para conteúdo transmitido via ondas de rádio. Em contraste, apenas 5% dependem exclusivamente de dispositivos digitais como telefones, computadores e alto-falantes inteligentes para streams online de estações AM/FM.
Curiosamente, cerca de 7% de todos os entrevistados (11% dos ouvintes diários) usam ambos os métodos – transmissão terrestre e streaming – com uma parcela notável de ouvintes diários (um em cada seis) incorporando dispositivos digitais em seus hábitos de escuta, sinalizando a convergência de plataformas tradicionais e digitais no consumo de mídia.
Aqui está uma lacuna que o rádio pode se aproveitar de forma mais ampla, algo que vem sendo debatido desde a NAB Show 2023, acompanhada pelo tudoradio.com. Há um espaço grande para o crescimento do streaming de rádio via smartphones e isso está acontecendo de forma gradual. Trata-se do local de maior potencial de consumo para o meio, se as estações oferecerem ferramentas adequadas para essa prática.
Já no Brasil, o contexto pode ser ainda mais favorável, onde a base de celulares predominante (sistema Android) embarca a recepção de FM, diferente do que ocorre nos EUA, onde o iOS (Apple iPhone) lidera o mercado e não conta com a recepção de rádio, apenas streaming.
Mais demanda por conteúdos on-demand: Dados do segundo trimestre de 2023 da Edison Research revelaram um momento crucial na história do consumo de áudio nos EUA – pela primeira vez, o conteúdo de áudio sob demanda superou o áudio linear. 50,3% do consumo diário de áudio entre pessoas com 13 anos ou mais veio de plataformas sob demanda, superando ligeiramente os 49,7% de plataformas lineares como rádio terrestre, rádio via satélite e serviços de streaming de rádio.
Há apenas sete anos e meio, a escuta linear liderava o sob demanda por 38 pontos percentuais. O aumento do conteúdo sob demanda é impulsionado principalmente pela popularidade crescente dos podcasts e pela preferência em selecionar músicas ou playlists específicas em vez do rádio tradicional ou streams lineares. Embora o relatório da Edison Research indique que a escuta linear não está em extinção – pois ainda tem valor para muitos e até ouvintes sob demanda interagem com ela – a tendência em direção ao áudio sob demanda deve persistir no futuro.
Maioria da escuta de áudio agora é em casa: O estudo “Áudio em Evolução”, patrocinado pela Amazon Ads, descobriu que mais da metade da escuta de áudio agora acontece em casa, principalmente através de dispositivos conectados. Desde 2017, houve um aumento de 414% na posse de alto-falantes inteligentes, levando a uma probabilidade 20% maior de streaming de áudio entre os proprietários. Esses indivíduos ouvem conteúdo de áudio por quase cinco horas diárias, 12% a mais do que aqueles sem alto-falantes inteligentes.
Consequentemente, a casa se tornou o local principal para engajamento com áudio, representando 58% de toda a escuta, uma tendência que se estabilizou pós-pandemia. Essa mudança duradoura para a escuta baseada em casa alinha-se com a tendência crescente de ouvir streams digitais de estações de rádio em Smart TVs conectadas à internet, indicando uma mudança significativa em como e onde as pessoas consomem conteúdo de áudio.
Curiosamente o mercado norte-americano passa a ter um padrão mais próximo do que já acontecia em boa parte da Europa e no Brasil, onde o áudio tem forte presença nas residências, em especial o rádio. Porém, o deslocamento diário nos EUA ainda seguem vitais para a operação do mercado de rádio por lá.
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