Comissão regional da ONU para a América Latina e Caribe, a Cepal, destaca que os benefícios provenientes do 5G não podem refletir a atual desigualdade na cobertura. A chegada de redes 5G na América Latina tem potencial para resolver problemas estruturais da região, porém precisa ser um movimento que não privilegie a concentração de disponibilidade.
Assistente sênior de assuntos econômicos da Cepal, Edwin Fernando Rojas participou de debate virtual que também reuniu reguladores nesta quarta-feira, 30. “Se não universalizarmos o acesso, os benefícios da digitalização podem ficar concentrados em alguns segmentos e na indústria”, afirmou ele, na ocasião.
Para tal, a comissão se apoiou em dados que mostram diferenças de até 50 pontos percentuais na penetração de Internet quando comparados zonas urbanas e rurais. O abismo seria maior no México, mas também relevante em países como Paraguai (47 p.p.) e Uruguai (40 p.p.); tendência similar é verificada no confronto entre cidades maiores e menores em países da América Latina.
“A digitalização não pode aprofundar essas brechas”, afirmou Rojas. Como alternativas para inversão da dinâmica, a Cepal defendeu incentivos à inovação, à cooperação público-privada e também a elaboração de planos nacionais de digitalização por parte das nações latino-americanas. Por enquanto, apenas Colômbia e México teriam estratégias do gênero publicadas, enquanto Brasil e Argentina estariam discutindo projetos.
“A produtividade da região estancou, aumentando o gap para outros países e com impacto na competitividade. As tecnologias digitais podem de certa forma solucionar esses problemas estruturais”, sinalizou o analista, no evento promovido pelo portal DPL. Por enquanto, segmentos que estariam despontando como catalisadores da digitalização são o agro brasileiro, o setor automotivo mexicano e o bancário colombiano.
Fonte: Tele Time https://teletime.com.br/30/03/2022/beneficios-do-5g-nao-podem-ficar-concentrados-alerta-comissao-para-america-latina/