O mundo mudou. Vivemos em um período conturbado, acelerado e cada vez mais tecnológico. O rádio sobreviveu a todas as fases, se transformando e mantendo seu posto de veículo de comunicação com grande penetração e relevância de mercado.
Neste momento é a hora de falarmos sobre a posição da mulher e como ela é tratada.
A mulher vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. E no rádio não é diferente. Desde os primórdios, as mulheres sempre tiveram um papel fundamental no crescimento e na popularização desse veículo tão apaixonante. A história do rádio acompanha a emancipação da mulher no Brasil.
Vamos voltar no tempo… Maria Beatriz Roquette-Pinto foi uma das primeiras locutoras do Brasil. Isto ocorreu na década de 1920, ao mesmo tempo em que seu pai Edgard Roquette-Pinto realizava as primeiras transmissões oficiais com autorização do governo. Ela fez história, além de locutora, foi diretora de programação, produtora e exerceu outros cargos que iam além da área artística. Um marco para a época já que, no início dos anos 20, a mulher era totalmente limitada. Para trabalhar, ela precisava de autorização da família, do pai ou do irmão. Além disso, havia lugares considerados propícios para elas, e o ambiente de rádio não era, definitivamente, um deles.
Mas o meio, altamente masculino, se rendeu a diferença que elas faziam.
E como a mulher fez a diferença no rádio… Tivemos Carmen Miranda, Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida e tantas outras que deixaram sua marca com suas vozes únicas que dispensavam qualquer tipo de auto tune moderno.
Existe inclusive um livro interessante chamado de “As Divas Da Rádio Nacional” do autor Ronaldo Conde Aguiar. A obra é um tributo a essas mulheres que eram consideradas as estrelas do rádio brasileiro. Uma viagem fascinante a uma época que dá muitas saudades. Fica a dica.
E assim, as mulheres foram ocupando seu espaço. Programas conduzidos por elas fizeram parte da luta por direitos básicos. Muitas vezes, essas apresentadoras usavam nomes artísticos e pseudônimos como uma forma de autoproteção aos julgamentos da sociedade da época. Com o passar do tempo, a mulher usou o rádio para ter ainda mais voz expondo questões voltadas a trabalho, cidadania e, principalmente, violência contra a mulher.
E foi a através de debates construtivos que o rádio seguiu tendo uma presença considerável na vida das diferentes mulheres brasileiras mostrando um enorme potencial na divulgação da luta por direitos iguais.
E por falar em direitos iguais, no rádio ainda existe, mesmo que por debaixo dos panos, uma forte hierarquia masculina. Mulheres ainda brigam por respeito, mais espaços e equiparação salarial.
É triste ver que, muitos ainda veem as mulheres neste veículo apenas na área de entretenimento seja como uma voz ou um rosto representativo no promocional.
Não!
A mulher no rádio é muito mais que isso e a história está aí para nos provar. Mas o que poucos sabem é que ainda existe o assédio neste meio. Assédio esse que levam mulheres a abandonar a sua profissão ou até mesmo desenvolver algum tipo de restrição seja na sua forma de pensar, trabalhar e até de se vestir.
Você sabia que quase metade das mulheres já sofreu algum assédio sexual no trabalho? Sim! Segundo pesquisa do LinkedIn e da consultoria de inovação social Think Eva que ouviu 414 profissionais em todo o país, de forma online. Entre elas, 15% pediram demissão do trabalho após o assédio. E apenas 5% delas recorrem ao RH das empresas para reportar o caso. Uma vergonha.