Produzir conteúdo local está no DNA do rádio. Quando uma emissora investe nesse tipo de conteúdo, tem maior chance de fidelizar os ouvintes, fortalecer o relacionamento com a comunidade e garantir programas mais atrativos que tenham a cara das pessoas da localidade.
O rádio é um meio próximo até quando ele opera em rede, afinal existe sempre a possibilidade de fazer com que o conteúdo acompanhe a pessoa no seu dia a dia, o que é muito comum nas cidades do interior. “Elas sempre têm aqueles pontos de encontro, onde se discute política e outros temas, e o comunicador quando chega nesses locais, é conhecido pela comunidade. Tem uma proximidade que é da natureza do rádio. Por isso, é importante uma estratégia de proximidade, que a emissora esteja presente nos fatos da comunidade, vá até a população, como nos dias de festa, onde a emissora se envolve, participa, faz promoções”, destaca o jornalista, escritor e professor de rádio da UFRGS, Luiz Artur Ferraretto.
Essa é uma das estratégias utilizadas pela Rádio Goioerê. Segundo o programador da emissora, Diogo Francisco de Assis, o foco é no conteúdo local, inclusive, com muitas participações diárias de ouvintes. “Nós vamos até eles, e em qualquer ponto da cidade conseguimos fazer a cobertura e informar em tempo real. Os ouvintes ficam ligados no rádio para saber sobre a oferta de empregos e temas importantes da região. Falamos muito da cultura local também, dando espaço aos cantores da cidade e ênfase à questão gastronômica com foco nos pratos típicos da região”, destaca.
Combate à desinformação
Credibilidade tem uma relação íntima com autenticidade. Por isso, as emissoras precisam deixar clara as suas identidades e dar profundidade a elas. “Também é fundamental apostar no profissional qualificado para estreitar os laços com a comunidade. Fazendo isso, se combate até a desinformação”, destaca Ferraretto.
Para construir a credibilidade é preciso ser autêntico e verdadeiro. É fundamental que a emissora tenha a sua própria forma de fazer rádio, de produzir conteúdo. “Cada rádio vai pegar esses parâmetros gerais de funcionamento para adaptá-los conforme seu público. Não têm duas emissoras com o mesmo tipo de público, mesmo as concorrentes, porque muitas vezes uma pessoa não gosta de um comunicador ou conteúdo, acaba optando por outra com qual se identifica mais, e isso já faz a diferença”, explica o professor.
É o caso da Rádio Kairós FM, de General Carneiro. O gerente da emissora, Ossimal dos Santos Costa, conta que a questão local tem grande relevância na rádio, inclusive, no momento de pandemia para informar à população, isso faz com que a rádio tenha muita credibilidade dentro da cidade.
“Fizemos uma campanha desde o começo com divulgação de informações sobre saúde, sobre a covid-19, os locais de atendimento, tudo para ajudar as pessoas neste momento difícil. Nós fazemos a diferença na cidade, que é pequena, e toda a população nos conhece e confia no nosso trabalho. Quando é preciso vamos até para dentro da casa dos ouvintes”, afirma.
Além disso, eles promovem a cultura local por meio de shows e festivais, que aconteciam antes da pandemia. “Fazíamos sempre os eventos da região, também vamos até a praça e colocamos as pessoas para cantar. Outra questão que damos enfoque é o turismo”, destaca.
O diretor da Agência RF e responsável pela Rede UP FM, Robson Ferri, lembra que emissoras ou produtoras de conteúdo nacional e estadual já disponibilizam este tipo de material em suas programações e na redes sociais, por isso recomenda que as emissoras estejam sempre abertas para enxergar meios de ter um conteúdo com DNA local. “Com sotaque e proximidade, para que seja possível dentro da área de atuação da rádio, criar até mesmo novas possibilidades comerciais”.
Uma alternativa é tentar enxergar os talentos da própria cidade. Isso vai muito além da postura vocal, da forma de falar, mas sim, em como se conectar de forma verdadeira com o público. “Além disso, para produzir conteúdo é importante começar enxergando dentro da programação quais são as atrações específicas que podem fazer a diferença se forem cortadas e distribuídas nas redes sociais”, explica.
Para Ferri, é fundamental estar aberto para participar da construção de novas possibilidades junto com a população e o setor empresarial. Afinal, os grandes players criam experiências para que você possa posteriormente investir. “A partir do momento que você tem ações coordenadas, com parceiros comerciais estratégicos, o primeiro passo pode ser bonificar, mostrar isso, fazer um pós-venda consistente de tudo que é feito no digital. Quando o parceiro enxerga que isso funciona e agrega valor, o dinheiro passa a ser um desafio muito menor a se conquistar, ele vai enxergar como mais um meio de trabalhar seu conteúdo, sua marca e fazer negócios”, explica.
Fonte: AERP