Recém chegado de sua viagem aos Estados Unidos para a “Missão 5G”, o ministro da Comunicações Fabio Faria afirmou mais uma vez que o Brasil ainda não tem a tecnologia 5G em funcionamento, dizendo que existe hoje é um “4G plus, um 4G ampliado”. Ele citou o ofício enviado para as operadoras e para a Anatel pedindo que retirem dos aparelhos celulares o ícone do 5G, alegando que isso estaria causando “muita confusão” entre os consumidores.
Segundo o ministro, o 5G “de verdade” só estaria disponível após o leilão, com as novas frequências dedicadas especificamente para a tecnologia. “Em breve, será votado no Tribunal de Contas das União o edital do 5G. E depois ele vai para a Anatel publicar e realizar o leilão. Aonde [sic] nós vamos diminuir o deserto digital. Em todas as capitais, teremos 5G até o ano que vem“, disse Faria.
“O 5G é muito diferente do 4G. Vamos ter velocidades quase 100 vezes maior, além de uma latência muito baixa. Teremos um ganho de produtividade com o 5G”, ressaltou.
“O que temos hoje no Brasil não é 5G. É apenas 4G plus. E isso está confundindo a cabeça das pessoas. É um teste, sempre que muda do 3G para o 4G, do 4G para o 5G. Isso é apenas uma modificação e pedi para as teles que retirem o 5G dos aparelhos de celular, para não frustrar expectativas dos brasileiros em torno da tecnologia que está por vir”, afirmou Fabio Faria.
O ministro das Comunicações já tinha falado sobre o assunto, em maio. Na ocasião, ele também pediu a reformulação das peças publicitárias das operadoras. O ministro se referia ao 5G DSS (Dynamic Spectrum Sharing), que traduzido para o português é significa compartilhamento dinâmico de espectro, que utiliza partes essenciais da tecnologia do 5G, como o 5G NR (que é a forma como o sinal de rádio é modulado e transmitido), mas compartilha as frequências do 4G. A designação de 5G para o DSS é prevista pelo 3GPP, que padroniza os padrões de tecnologias móveis. Por sua vez, o próprio mercado já utiliza a alcunha “4G plus”, ou “4,5G” para se referir à tecnologia LTE-Advanced, ou seja, com agregação de portadoras de espectro (como a combinação de faixas de 700 MHz e de 2,5 GHz, por exemplo), mas utilizando a tecnologia LTE (típica do 4G).
Porém, conforme já mostrou TELETIME, também a exibição do ícone de 5G no status da rede é normatizada pelo 3GPP, que admite a exibição desta identificação quando o celular estiver conectado a uma rede 5G na modalidade DSS, que utiliza frequências do 4G. Para as operadoras, mudar essa programação requer uma intervenção em todas as ERBs, ou uma reprogramação dos aparelhos que precisaria ser feita pelos fabricantes de handsets, que inclusive já tem utilizado o 5G como um atributo na venda de aparelhos de última geração.