O rádio tem sido um companheiro fiel e conselheiro em tempos difíceis, como este que estamos enfrentando devido à pandemia da covid-19. Solidão, medo, luto, instabilidade financeira, mudança de hábitos e rotina, é inegável que isso afeta diretamente a saúde mental das pessoas. Por isso, iniciativas que contemplem a conversa sobre o tema no rádio são fundamentais para que as pessoas lembrem que apesar da distância, estamos todos conectados.
Segundo uma pesquisa feita em março deste ano, pela Universidade de Ohio (EUA), o Brasil lidera índices de ansiedade e depressão durante a pandemia, quando comparado com outras 10 nações. Entre os 1.500 brasileiros ouvidos, 63% tinham sintomas de ansiedade e 59%, de depressão. Cerca de 84% dos entrevistados, não apresentava diagnóstico de transtornos antes da pandemia.
Com a falta de perspectiva para o fim da pandemia, especialistas temem que a saúde mental das pessoas seja ainda mais prejudicada. Por esse motivo, o rádio tem um papel de grande responsabilidade neste momento, sendo uma verdadeira ferramenta de suporte.
De acordo com a coordenadora do Portal Banda B e chefe de redação da Rádio Banda B, Denise Mello, a Banda B desenvolve diversos temas relacionados à saúde mental como notícias, informações e campanhas. “Esses assuntos estão sempre envolvidos e inseridos na nossa programação. Principalmente neste momento da pandemia, percebemos que as pessoas estão precisando de ajuda”, diz.
Denise destaca que além de abordar assuntos relacionados à covid, a emissora busca sempre esclarecer sobre questões de saúde mental, como síndrome do pânico, depressão, suicídio, solidão com o isolamento, buscando informar e dar um suporte para quem necessita de apoio.
“Além de esclarecer sobre os assuntos, nós priorizamos o que as pessoas podem fazer e onde elas podem buscar ajuda. “Tudo que envolve saúde em rádio tem um interesse muito grande, o melhor caminho é trazer especialistas e na medida do possível, criar uma frequência para falar sobre o tema”, diz.
A psicóloga e âncora de rádio, Maria Rafart, que apresenta o programa Light News, na Transamérica, destaca que busca sempre trazer a opinião dos especialistas para abordar os assuntos ligados à saúde mental.
“A boa informação vem dos especialistas e cientistas. O que tenho feito é entrevistar muitas pessoas do meio médico, como psiquiatras, e áreas de saúde relacionadas às comorbidades relacionadas a este momento pandêmico. Além de psicólogos. Temos feito um trabalho de informação, aliado ao trabalho de indicações de coisas que as pessoas podem fazer para passar por esse momento de uma maneira menos penosa”, diz.
Para ela, neste momento o rádio é mais do que nunca um aliado das pessoas, ouvindo, tirando dúvidas e levando informações confiáveis. A âncora conta que em seu programa existe uma participação muito ativa dos ouvintes. “Eles participam, agradecem, complementam informações, falam da sua própria experiência. Isso acaba virando uma troca muito bonita”.
Campanhas – Outra maneira pela qual as estações de rádio podem auxiliar a população neste momento é por meio das campanhas. Essa é uma alternativa que as emissoras têm de apoiar os ouvintes que precisam de conselho, ajuda, ou até mesmo informações que auxiliem-no a buscar um especialista.
Segundo Denise, o retorno dos ouvintes quando a rádio aborda assuntos ligados à saúde mental é muito positivo. “O rádio traz uma intimidade muito grande, que é extremamente válida quando vamos falar sobre problemas mentais, porque as pessoas se identificam com quem está no microfone, se você passa uma alegria isso pode mudar o dia de uma pessoa. Isso deve ser feito com muito cuidado, responsabilidade e buscando oferecer soluções”, diz.
O rádio está sempre presente como um amigo para fazer companhia para os que estão sozinhos, para informar e apoiar quem está passando por um período difícil, para alegrar e fazer dançar.
“O ouvinte traz pra gente seus sofrimentos e dúvidas. No programa do Luiz Carlos Martins, por exemplo, nós ouvimos muitos relatos difíceis de pessoas que estão sofrendo com problemas de saúde mental. Neste momento, a melhor forma é acolher, dar espaço e voz, e mostrar soluções e o outro lado desse desafio imenso que é enfrentar um problema mental”, reforça Denise.
Fonte: AERP