A demanda por informações sobre o novo coronavírus foi ampliada em todo o planeta, mas as estações devem tomar um cuidado extra ao oferecer mais conteúdo sobre a covid-19. A afirmação é baseada no resultado de uma pesquisa virtual realizada nos Estados Unidos na virada de março para abril, onde quase dois terços dos participantes afirmaram que as rádios devem “manter seu formato e não sobrecarregar as informações”. No Brasil, o próprio Kantar Ibope Media destacou recentemente que a variedade de formatos tem auxiliado o rádio na manutenção de sua audiência durante a pandemia.
Pesquisas de institutos como o Kantar Ibope Media e a Nielsen já estavam apontando para essa possibilidade de equilíbrio no conteúdo no rádio, entre notícias sobre a pandemia e suas grades/formatos. Boa parte da audiência busca o meio para se entreter e ouvir músicas durante o período de confinamento, sendo uma réplica do costume que sempre foi observado antes da pandemia do novo coronavírus.
“As pessoas querem que sua estação de rádio favorita soe como normalmente”, afirmou Fred Jacobs, presidente da Jacobs Media, durante um webinar realizado pela RAB (Radio Advertising Bureau) na quarta-feira (15), segundo o portal Inside Radio. O evento revelou os resultados dessa pesquisa virtual, onde 80% dos participantes afirmaram querem um bom balanço entre informação e humor.
Para 63% dos participantes da pesquisa, a emissora preferida deve manter o seu formato de programação e não deve contar com informações “pesadas” sobre a pandemia. E para 30% as emissoras devem ser mais bem humoradas, mesmo quando aborda o coronavírus.
Para 22% as emissoras devem providenciar mais informações sobre a covid-19 e 7% afirmaram que a linguagem deve ser mais séria ao cobrir a pandemia. Vale lembrar que os entrevistados puderam optar por mais de uma opção, por isso os índices não fecham 100%.
“Em termos gerais, a pesquisa on-line de 20.902 ouvintes de rádio principais – solicitada através dos bancos de dados de e-mail de 108 estações de rádio comerciais nos EUA – constatou que o público está satisfeito com o que está ouvindo de sua estação de rádio preferida durante a crise”, destaca o portal Inside Rádio, especializado no meio norte-americano.
“Isso é realmente importante em uma situação como esta, onde todas as emissoras tiveram que lidar com a possibilidade de alterar sua apresentação ou alterar o equilíbrio de humor e informações”, afirmou Jacobs durante o webinar.
O Inside Radio também chamou a atenção para outro ponto importante: seis em cada dez entrevistados, que representavam 14 formatos diferentes de rádios nos Estados Unidos, classificaram sua estação preferida como “excelente” desde o surto da covid-19. O índice é uma porcentagem bastante consistente entre as faixas demográficas, etnias e se os ouvintes moravam em uma cidade, subúrbio ou área rural. Outros 30% deram boas pontuações nesse quesito.
Outro ponto importante é que 71% dos entrevistados (sete em cada dez) também afirmaram “que sua estação de rádio favorita está prestando a quantidade certa de atenção ao coronavírus”.
O que o rádio deve fazer à medida que a crise da covid-19 continue?
Para os participantes da pesquisa da RAB nos Estados Unidos. 44% afirmaram que “querer ver a rádio fazer mais em termos de apoio aos trabalhadores locais, como socorristas e trabalhadores de supermercados”. Já três em cada dez (29%) querem mais música e 27% querem mais concursos e brindes.
“Os concursos podem ser uma distração bem-vinda enquanto as pessoas se preocupam com o trabalho (…) Mas a grande vantagem aqui é apoiar os trabalhadores locais”, afirmou Jacobs.
Confiança da população
A pesquisa virtual também apontou a confiança do meio pela população durante a pandemia e o resultado foi bem parecido com o que já foi constatado em vários países, como no Brasil, Espanha, entre outros. Segundo o levantamento da RAB, 48% dos entrevistados dizendo que “confiam completamente” na estação que lhes enviou a pesquisa para fornecer respostas e soluções para o surto.
O Inside Radio destaca que o rádio ficou atrás apenas dos Centros de Controle de Doenças e do Instituto Nacional de Saúde (54%) em confiabilidade, isso no levantamento feito pela pesquisa virtual.
A pesquisa
Segundo o Inside Radio, a pesquisa on-line contou com 20.902 ouvintes de rádio e foi realizada de 31 de março a 2 de abril. O portal ainda destaca que os participantes foram solicitados através dos bancos de dados de e-mail de 108 estações de rádio comerciais participantes nos Estados Unidos, estas que representam 14 formatos diferentes de emissoras.
Um detalhe importante foi destacado na apresentação dos dados: por ter sido realizada exclusivamente on-line, a pesquisa não representa todos os ouvintes de rádio comerciais.
“Lembre-se de que este é apenas um instantâneo do que as pessoas estavam fazendo e pensando há alguns dias, algumas semanas atrás”, alerta Jacobs. “Não está configurado para representar a população, mas eles são ouvintes de rádio e o que eles estão pensando é extremamente importante a considerar agora”, pondera o executivo.
Importante compreender o resultado para cada formato
O tudoradio.com lembra que a pesquisa virtual foi realizada nos Estados Unidos e considerou estações de 14 formatos diferentes. Ou seja, o recorte ajuda o setor a compreender e respeitar o perfil de cada emissora e como ela é reconhecida por seu público.
Em resumo, é natural que rádios de formatos jornalísticos entrem mais a fundo no tema coronavírus, com resultados positivos nessa empreitada. Tanto que, segundo as últimas medições realizadas pela Nielsen nos Estados Unidos, no índice de março (PPM), emissoras do formato all-news e Talk/News ampliaram seus volumes de audiência em mercados como Nova York, Los Angeles, Chicago, San Francisco, Miami, entre outros.
Já as emissoras musicais e de entretenimento, segundo a pesquisa norte-americana e também os pontos já levantados em relatórios da Nielsen (EUA) e Kantar Ibope Media (Brasil), indicam que um equilíbrio é uma boa pedida para que as estações mantenham a sua relevância e auxiliem as populações locais.
Fonte: Tudorádio