Todas as previsões e tendências apontadas por executivos da indústria de rádio em países como os Estados Unidos têm apontado o digital como uma oportunidade de ampliação da atuação do veículo em 2020, este que continua resiliente em seu alcance no offline (FM e AM). E, segundo reportagem do portal norte-americano Inside Radio, o crescimento de dois dígitos na receita do digital visto em 2019 deve seguir neste ano, impulsionado por uma série de pontos que envolvem o avanço da mídia digital, comportamento do público e do compromisso adotado pelas emissoras de rádio. Acompanhe:
Segundo a reportagem, há um compromisso maior por parte das emissoras de rádio com as vendas de anúncios digitais, isso em diferentes formatos (áudio, vídeo e anúncios gráficos em geral, monetizando portais, aplicativos, streaming e conteúdo de áudio on-demand).
Segundo o Inside Radio, Gordon Borrell, CEO da Borrell Associates, prevê que as vendas digitais da rádio de transmissão crescerão 27% em 2020, atingindo o valor em dólares de US$ 1,25 bilhão. “O ritmo é muito maior do que nos últimos anos, devido ao interesse renovado do setor em vendas digitais”, afirma o executivo.
A reportagem destaca que o digital poderá representar 12,8% da receita total de anúncios do setor de rádio nos Estados Unidos, se as estimativas para 2020 forem confirmadas.
Para se ter uma ideia do avanço, no primeiro semestre de 2019 o total de dólares em anúncios em áudio digital atingiu US$ 1,2 bilhão, representando um aumento de 30,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior (2018), segundo a Interactive Advertising Bureau.
Zoe Soon, vice-presidente de mobile do IAB, prevê que o crescimento de anúncios em áudio digital dobrará este ano e excederá US$ 3 bilhões. “O crescimento das smart-speakers afastará parte do tempo da mídia de outros canais”, prevê a executiva Soon em entrevista ao portal norte-americano Inside Radio.
Matt Cutair, executivo de áudio digital com vasta experiência no setor, concorda com o cálculo de US$ 3 bilhões, esperando que o áudio digital possa representar quase 20% de todos os gastos com anúncios em áudio, incluindo transmissão, satélite e distribuição on-line.
Os pontos que contribuem com o avanço da publicidade em áudio digital
Um dos pontos fortes do áudio digital é a chamada “publicidade endereçável”, ou seja, existe a possibilidade personalizar e direcionar uma determinada campanha para um público específico, ampliando os detalhes de uma estratégia de marketing. A publicidade dinâmica permite que o anunciante veiculem peças diferentes com base em diferentes variáveis, seja de público, de clima, de local, horário, tipo de dispositivo utilizado pelo consumidor, entre outros detalhes.
Segundo o Inside Rádio, “as emissoras de rádio poderiam obter uma parcela maior do dinheiro dos anúncios em áudio digital, comandando um controle maior de todos os locais onde o conteúdo é distribuído”, afirma a reportagem. Ou seja, é necessário conhecer os locais onde a rádio está disponível, melhorar a experiência dessa entrega e elaborar estratégias a partir desses ambientes diversos, considerando a possibilidade de ampliação do público digital e também o controle desses ambientes.
Outro ponto favorável é o avanço percebido na tecnologia de anúncios. Além da segmentação das campanhas, a reportagem do Inside Radio indica que “os editores de áudio digital estão desenvolvendo ferramentas que permitem que os anunciantes rastreiem e avaliem suas campanhas durante a execução”.
“Todo esse insight de dados dá poder aos compradores para pensar em otimizar suas campanhas em tempo real e informar seus aprendizados para campanhas futuras”, afirma Matt Cutair.
Necessidade de mudança de postura das empresas de rádio
A reportagem ainda destaca que é necessária uma mudança na postura de como as emissoras de rádio atuam na venda de seus ativos de áudio, isso se o mercado deseja ampliar de forma significativa a sua receita. Por exemplo: se aponta a necessidade que a rádio vire uma “entidade de marketing que explora o polos de anúncios além do áudio”.
O Inside Rádio dá um exemplo que é uma realidade nos anúncios locais dos Estados Unidos, mas também é algo já percebido pelas rádios brasileiras. Segundo a reportagem, um anunciante local costuma gastar 3% de seu orçamento em rádio, enquanto aloca 23% em publicidade digital e 35% em serviços de marketing digital.
Apesar da força de um anúncio de rádio, é necessário que a rádio atue como uma empresa de marketing, seja para ampliar sua receita no digital, como também para fortalecer a mídia no rádio e, consequentemente, melhorar a experiência do anunciante ao prestar a devida consultoria para uma campanha.
“As empresas mais inteligentes agora percebem que são uma empresa de marketing ajudando os anunciantes com um orçamento que é provavelmente três vezes maior do que o que eles pretendiam com as vendas de rádio (…) mas você precisa sair da caixa de rádio para ver isso”, afirma Borrell.
Podcasts
Praticamente só se fala de podcasts (aqui, nos Estados Unidos, em países da Europa e em outros mercados desenvolvidos do mundo) e das smart speakers (caixas de som com inteligência artificial). E isso deve continuar em 2020.
Isso devido ao avanço da publicidade digital nos canais de podcasts. A receita cresceu 42% em 2018, para US$ 679,7 milhões, segundo a IAB / PWC, e deve ultrapassar US$ 1 bilhão até 2021, segundo previsões.
E a oportunidade do rádio para incrementar a suas atividades com podcasts é grande. “O que estamos vendo é que a audição de podcast é incremental ao rádio e, em alguns casos, os editores estão produzindo podcasts como conteúdo derivado da mídia principal”, afirma Cutair.
Smart speakers: fadiga de telas e avanço do áudio
As smart speakers, que também crescem em dispositivos vendidos e ativos, são apontadas como possível maior catalisador do áudio digital para 2020.
“Com um crescimento de 48% ano a ano, os alto-falantes inteligentes representam a tecnologia que mais cresce em todos os tempos, incluindo smartphones (…) este é um grande impulsionador do crescimento da audiência de áudio e da receita de publicidade”, afirma a executiva Zoe Soon.
“O crescimento de alto-falantes inteligentes certamente está impulsionando o áudio e trazendo o rádio de volta para casa”, diz Cutair.
“Nosso apetite para permanecer conectado é saudável, mas a fadiga da tela é uma tendência crescente, o que significa que estamos gastando mais tempo ouvindo conteúdo de áudio”, afirma Paul Heine.
Fonte: Tudorádio