Por Aline Deparis
Os dados pessoais estão presentes em muitos aspectos de uma estratégia de comunicação. Eles são a base para direcionar anúncios online, ajudam no relacionamento com o cliente, auxiliam no melhor entendimento do público de um portal de notícias e seus usos estreitam as relações entre clientes e marcas.
A partir de agosto de 2020, porém, o uso de dados pessoais de clientes, fornecedores e colaboradores deverá estar de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As empresas que não se adequarem poderão sofrer as penalidades previstas na lei, que são multas e bloqueio das atividades relacionadas aos dados.
Falar sobre proteção de dados pessoais não é mais uma tarefa apenas dos profissionais de Tecnologia da Informação ou Jurídico. Agora, todos que fazem a coleta ou o tratamento dessas informações devem estar a par sobre o que diz a LGPD e saber as melhores práticas para lidar com elas.
O que muda para o mercado
Para quem trabalha com internet, a nova lei traz diversas mudanças. Para um portal de notícias, por exemplo, o uso de cookies no site deve ter o consentimento do usuário para coletar seus dados de navegação e exibir anúncios segmentados. No caso do marketing digital, que utiliza muitos e-books e outros materiais para captar e-mails, o usuário deve consentir em receber informativos depois.
O mesmo ocorre em eventos. É comum que organizadores de eventos cedam a lista de inscritos com seus parceiros e patrocinadores. Agora, ao se inscrever, o participante deve ter ciência de quem terá acesso aos seus dados e decidir se concorda com isso ou não.
Por fim, todos os sites que coletam dados pessoais, seja por cookies ou por formulários, devem contar com uma Política de Privacidade disponível para leitura dos visitantes. Nessas políticas, estarão as informações sobre a coleta de informações, o armazenamento e o compartilhamento de dados pessoais.
Sobre os formulários, para que eles estejam de acordo com a lei, eles devem coletar somente os dados necessários, explicando para que as informações serão usadas. Se seu formulário estiver em uma página de captura de leads (as chamadas landing pages), verifique se o software de criação de páginas permite a personalização do formulário para se adequar às novas regras.
Já os cookies ajudam a personalizar a experiência dos usuários, mostrando conteúdo mais segmentado, além de ajudarem o veículo a gerar receita com anúncios. A grande questão sobre os cookies é que, com a nova legislação, é preciso o consentimento dos usuários para usá-los na coleta de dados.
A presença de um (a) DPO na agência, redação, produtora ou empresa pode fazer toda a diferença. É esse profissional que ficará responsável pelo tratamento correto dos dados e irá responder às solicitações dos titulares, além de ser a interface da organização com a Autoridade Nacional de Dados (ANPD).
Para o público, quais são os direitos?
Não só para as empresas as coisas mudam com a vigência da LGPD. Os titulares de dados, ou seja, os consumidores, agora têm uma autonomia maior sobre seus dados. É possível que os clientes e usuários entrem em contato para pedirem acesso às informações que uma empresa ou portal tem sobre eles. Esse tipo de solicitação se chama Data Subject Request (DSR).
Outro direito dos consumidores com a nova lei é poder pedir a alteração e exclusão de dados, além de fazer denúncias de irregularidades à ANPD. Um direito dos titulares que todo profissional de comunicação deve saber é o que os usuários podem pedir para retirar o próprio e-mail da base de dados da empresa. Exemplo prático para estar em conformidade com isso é colocar nos e-mails um link para que a pessoa se descadastre, para parar de receber mensagens suas.
Como sair na frente em 2020
Neste ano, com a vigência da LGPD, muitas empresas estão em ritmo acelerado para rever processo, fazer o mapeamento de dados e garantir a proteção de dados em todas as etapas. Por isso, quem tiver conhecimento sobre o assunto sairá na frente, principalmente quando o assunto é comunicação, tecnologia, direito, recursos humanos e vendas.
Profissionais de marketing, publicitários, jornalistas, relações-públicas e empreendedores da comunicação podem se manter atualizados com cursos on-line e presenciais, eventos dedicados ao assunto e diversos materiais educativos que existem na internet.
Aline Deparis tem 15 anos de experiência no mercado de vendas, gestão e TI. A empresária fundou a Maven em 2009, a Trubr em 2017 e a Privacy Tools em 2019. Também é presidente da Assespro-RS, uma associação de empresas de TI no estado do RS. Além de suas grandes conexões com o governo e o mercado privado, possui uma grande habilidade para gerenciar equipes e levar as empresas a níveis mais altos.
Fonte: Coletiva.net