Há um certo otimismo no ar no setor de Rádio dos Estados Unidos para 2020. Uma parte é relacionado ao ano eleitoral, que costuma movimentar a arrecadação dos grupos nas verbas publicitárias, além do maior interesse da audiência por rádios que cobrem os assuntos políticos. Mas o digital também é um fator de otimismo, segundo levantamento feito pelo Inside Radio, portal norte-americano que ouviu os principais executivos do setor. O fato do áudio também está em alta também é um ponto que gera muito otimismo no setor.
Bob Pittman, CEO da iHeartMedia, está otimista com 2020. Muito pelo resultado positivo que o grupo teve em 2019, considerado um período de ajuste da casa e incremento das operações digitais (avançaram 33% em receita, sendo que o total do grupo foi de 3%). Ao Inside Radio, Pittman afirma que “nosso negócio de rádio tradicional permanece estável e em crescimento, enquanto nosso negócio digital de alto crescimento continua a acelerar”.
De fato, o investimento no digital (em especial em podcasts) foi milionário por parte da iHeartMedia, transformando a empresa na maior plataforma comercial do gênero nos Estados Unidos. Esse formato é definido por Pittman como um complemento do rádio.
“Pense no rádio como um coquetel, onde vemos nossos amigos, conversamos, rimos e alcançamos. Podcasting é quando você pega um desses amigos e diz: ‘Venha aqui por um minuto, eu quero falar com você sobre algo’, e entramos em um tópico aprofundado, especificamente sobre o que essa pessoa está interessada. uma festa – mas dois tipos diferentes de interação”, exemplifica Pittman ao Inside Radio.
Para alcançar esses números positivos de hoje, o CEO da iHeartMedia destaca que houve uma mudança de postura do grupo no início desta década. “Quando me tornei CEO desta empresa em 2011, todos estavam preocupados com a possibilidade de a tecnologia prejudicar o rádio, mas apostamos que a tecnologia era nossa amiga e ajudaria o rádio”, relata. “Hoje, as estações iHeartRadio estão em mais de 250 plataformas e milhares de dispositivos, e embora a maioria das audições ainda seja através de AM / FM, estamos um pouco agonistas quanto ao local em que eles querem ouvir nossa programação”, diz ao Inside Radio.
Em resumo, estar atento à entrega de conteúdo em qualquer lugar é um caminho para o setor ampliar a sua relevância. Pittman afirma que o rádio é apenas mais um local de entrega de conteúdos que a empresa cria. O Inside Radio lembra que, dispositivos não faltam aos consumidores, onde é possível acessar o conteúdo de rádio: um bilhão de rádios, 250 milhões de smartphones, 160 milhões de computadores e outros dispositivos (Estados Unidos).
“Podemos estar disponíveis em praticamente qualquer lugar que o consumidor estiver, e somos realmente seus companheiros que eles podem alcançar a qualquer momento – 24 horas por dia – para nos encontrar”, afirma o CEO da iHeartMedia.
Áudio em alta
Um dos pilares do otimismo do rádio é que o áudio está em alta, seja no consumo ou como uma plataforma que interessa à publicidade. E isso também tem uma colaboração da maior oferta de dispositivos voltados à essa mídia, como as smart speakers. E a tendência é da oferta ser ampliada: as tais caixas de som inteligentes estão chegando no mercado brasileiro e nos Estados Unidos já estão nas mãos de milhares de consumidores: pouco mais de um em cada cinco americanos com mais de 18 anos (21%) possui uma smart-speaker (cerca de 53 milhões de pessoas), de acordo com o levantamento The Smart Audio Report da Edison Research e NPR (2019).
A ativação do áudio via comando de voz tende a crescer rapidamente, representando uma oportunidade real para o conteúdo de rádio. “Com o rádio AM / FM, uma categoria líder no uso de alto-falantes inteligentes hoje, temos um começo decente para construir novos produtos para nossos ouvintes e anunciantes”, destaca Mary Berner, CEO da Cumulus Media, ao portal Inside Radio.
“A maneira como encaramos o rádio oferece uma base sólida com seu alcance massivo – praticamente inalterado nas últimas décadas – que podemos alavancar com os recursos de multiplataforma que temos e estamos desenvolvendo para aproveitar o crescimento do público-alvo. e novas oportunidades de publicidade apresentadas por conteúdo distribuído digitalmente”, afirma Berner.
O levantamento The Smart Audio Report da Edison Research e NPR destaca que “quase quatro em cada dez proprietários (37%) usam seus dispositivos semanalmente para ouvir fluxos de estações de rádio AM / FM”. “Eles se tornaram o novo rádio doméstico em salas de estar, cozinhas e quartos”, diz Caroline Beasley, CEO do Beasley Media Group.
Weezie Kramer, diretora de operações da Entercom, também afirma otimismo com base nesse cenário. “O áudio está tão quente agora”, segundo a executiva, que aponta essa situação à explosão do podcast, à proliferação das smart-speakers e também lembra dos fones de ouvido (comuns numa fotografia do cotidiano de uma grande cidade, seja lá fora ou aqui no Brasil). Acredita-se que “os anunciantes estão redescobrindo o rádio”, afirma a reportagem do Inside Radio.
“Além de aumentar o uso de áudio no nível do consumidor e dar a empresas de conteúdo como a nossa a oportunidade de distribuir nosso conteúdo nessas plataformas valiosas, para que nossos ouvintes possam nos encontrar em qualquer lugar, a qualquer momento, esses avanços em áudio aumentaram bastante o interesse do anunciante no categoria de áudio”, afirma Bill Wilson, CEO da Townsquare Media, ao Inside Radio.
“Exponencialmente, os anunciantes nacionais e locais estão muito interessados em entender como eles podem fazer o melhor uso dessas plataformas e os abraçam com entusiasmo, o que obviamente é um grande benefício para o nosso setor”, completa Wilson. Essa afirmação do executivo norte-americano colabora com a ideia de que a indústria de rádio é um setor confiável para os anunciantes em relação ao investimento em publicidade digital em áudio, considerando que o meio possui uma respeitável expertise dessa plataforma.
Investimento no digital e combinação com o rádio tradicional
O executivo da Townsquare Media destaca que é preciso que o rádio continue investindo no digital, para que isso seja revertido em retorno no futuro. “A chave para o setor de rádio é continuar comprometendo-se de verdade com o digital, incluindo o investimento necessário em pessoas, infraestrutura e ativos e treinamento, e continuando esse compromisso por um longo período de tempo”, afirma Wilson.
Segundo o Inside Radio, quando se trata de fornecer resultados para anunciantes locais, Wilson também afirma que não há melhor solução de anúncios do que a combinação de rádio tradicional e digital. “Um verdadeiro compromisso com isso por nossa indústria gerará um retorno real e levará a uma indústria de rádio muito mais saudável”, afirma o executivo.
Impactos externos
Os Estados Unidos contam com um cenário econômico e político de incertezas, assim como ocorrem em outros países, como o Brasil. Esta possibilidade também é considerada pelos executivos de rádios no levantamento feito pelo Inside Radio. Caroline Beasley, CEO do Beasley Media Group, alerta que “O enfraquecimento dos índices macroeconômicos, a diminuição da confiança nos negócios e o aumento das tensões geopolíticas podem ter um impacto em todas as categorias”.
RDS com uso comercial
Caroline Beasley também destaca que o rádio pode utilizar outras ferramentas que estão a disposição para gerar receita, como o RDS (Radio Data System). A Beasley Media Group lançou recentemente um produto chamado “ad sync” da Quu, Inc. na maioria de suas estações. O sistema possibilita os anunciantes das emissoras “soluções de marketing multissensorial” no rádio via som, como jingle, voz ou logotipo sônico; e visão, incluindo design, embalagem, estilo e cor.
Esse sistema opera via RDS, ou seja, quando uma propaganda vai ao ar, o RDS é sincronizado com as informações do anunciante, ampliando assim a exposição. E, aproveitando do sistema digital, é possível a inclusão de logotipos e outras imagens relacionadas à mensagem publicitária executada naquele momento, como já ocorre no streaming de áudio em portais e aplicativos.
A tendência é de que essa prática cresça em 2020 no mercado norte-americano, ampliando a oferta de produtos publicitários oferecidos pelo rádio, independente do ambiente (digital ou analógico).
Fonte: Tudorádio